Título: Roupa velha com cara de nova faz crescer franquias no país
Autor: Bispo, Tainã
Fonte: Valor Econômico, 16/06/2006, Empresas, p. B6

Fazer a barra da calça e ajustar uma peça do guarda-roupa continuam sendo os serviços mais procurados nas redes de lojas especializadas em costura. Mas não são os únicos. Além da tradicional bainha, outro tipo de demanda está cada vez maior: fazer com que aquela roupa velha, esquecida dentro do armário, fique na moda.

Para isso, basta uma tintura e, quem sabe, um bordado. "As pessoas enjoam de suas roupas de forma muito rápida e, para gastar menos dinheiro, decidem reformá-las", diz Caio Prospero, diretor da Costura & Cia., rede que tem uma loja em Moema, na zona sul. Até o final do ano, serão inauguradas quatro franquias em São Paulo. "Além disso, cada vez menos clientes têm tempo ou sabem fazer esse tipo de trabalho manual, como o bordado."

A Costura & Cia. foi aberta há um ano. O executivo conta que sentiu a demanda por esse tipo de serviço dentro da Sol & Sabão, rede de lavanderia com 25 unidades que pertence ao grupo.

O mesmo aconteceu com a empresa Acerte Franchising, afirma José Ventura, gerente de expansão do grupo. "Percebíamos que havia muitos pedidos para conserto de roupa na nossa rede de lavanderias." A companhia tem quatro bandeiras, sendo que três delas são lavanderias - Prima Clean Lavanderia, Quality Cleaners e Qualittà Lavanderia. A última marca foi criada há dois anos, especialmente para suprir essa procura. A Linha & Bainha já conta com 12 unidades em cinco cidades brasileiras, sendo que mais oito serão inauguradas até o final do ano.

Umas das maiores redes do setor, no entanto, não é de São Paulo. A gaúcha Restaura Jeans foi fundada em 1991, na cidade de Santa Cruz do Sul. Os ex-técnicos de agropecuária Flávio Conrad e Jair Jasper criaram um negócio que hoje possui 211 lojas em nove Estados brasileiros.

A rede cresceu 12% em 2005, para R$ 35 milhões. E segundo Conrad, a previsão é ter um aumento de 20% este ano, com 40 novas unidades. A idéia é a mesma que a dos concorrentes. "Trabalhamos com a auto-estima das pessoas, que podem investir em uma peça barata e transformá-la em algo que está na moda", diz o executivo, que trabalha, principalmente para as mulheres - cerca de 70% do público.

Os serviços de costura e tingimento continuam sendo os mais procurados, mas os pedidos por bordados têm aumentado. A barra simples de uma calça custa em média R$ 7, enquanto que o tingimento básico sai por R$ 15. Para aqueles que preferem ficar do outro lado do balcão, abrir uma franquia custa entre R$ 33,9 mil e R$ 49,9 mil.

A Golden Services também aproveita a procura por esse tipo de serviço. A rede, fundada em 1994, conta com seis bandeiras: Sapataria do Futuro, Costura do Futuro, Lavanderia do Futuro, Tinturaria do Futuro, Bordados do Futuro e Engraxataria do Futuro. Hoje, há 350 unidades no Brasil. O faturamento anual da rede foi de R$ 25 milhões no ano passado.

Mesmo competindo entre si, todas as empresas ouvidas pelo Valor concordam em um ponto. Elas podem, até, cobrar preços parecidos com os serviços de costureiras de bairro. Mas a principal concorrência, na verdade, é a informalidade. Isso, no entanto, não desanima nenhum dos executivos. "Estamos profissionalizando o setor", diz Ventura, da Linha & Bainha.

Além de atender o consumidor final, as redes abrem novas frentes. A Linha & Bainha, por exemplo, presta serviços para lojas de roupa de pequeno porte. A Golden Services, por sua vez, é responsável pelas barras e outros ajustes das roupas da grife Zoomp. Paulo César Mauro, fundador da Golden Services, investe até em outros países. "Há dois anos iniciamos um processo de internacionalização", diz ele. Hoje existem duas lojas no México e o executivo está negociando a franquia para os mercados português, argentino e equatoriano.

As redes Restaura Jeans, Linha & Bainha e Costura & Cia. vêm abrindo lojas nos bairros de classe média e alta, mas também nos periféricos. Para Jasper, da Restaura, "uma unidade cabe em todas essas regiões. A diferença é que muda a demanda. A lavanderia e personalização das roupas, por exemplo, vendem mais para um público de renda média e alta. O tingimento atrai mais a classe popular".