Título: Mercado de capitais deverá garantir expansão da Suzano
Autor: Vieira, André
Fonte: Valor Econômico, 16/06/2006, Empresas, p. B7

O novo presidente da Suzano Papel e Celulose, Antonio Maciel Neto, disse que a empresa buscará tornar-se um grande "player" do mercado de capitais para financiar os futuros projetos de crescimento da companhia. "Daqui para frente, vamos acessar o mercado para financiar os novos projetos", disse o executivo na sua primeira entrevista à imprensa, na quarta-feira, depois de assumir a presidência da companhia no último dia 1º.

Maciel Neto acrescentou que a empresa poderá fazer uma emissão primária ou secundária de ações. "Não existe tabu entre os controladores", declarou, sem dar maiores detalhes. Mas o executivo disse que a família Feffer, maior acionista com 56,6% do capital total da Suzano Papel e Celulose, não abre mão do controle. "Não há intenção de pulverizar o controle."

Diferentemente da Aracruz Celulose e da Votorantim Celulose e Papel, as ações da Suzano não são negociadas na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse). Perguntado sobre o interesse de listar os papéis na Nyse, ele disse que não há planos para isso no curto prazo.

Maciel Neto, que teve passagem como presidente por empresas em crise e recordou das dificuldades enfrentadas na Cecrisa, Itamarati e Ford nos últimos 15 anos, disse que viverá uma situação completamente diferente na Suzano. "Aqui, o plano é crescer e reposicionar a empresa como uma das maiores do setor."

A Suzano está investindo US$ 1,3 bilhão - com recursos próprios e principalmente dinheiro do BNDES - numa nova linha de produção na Bahia, que ficará pronta no fim de 2007. Produzirá 1 milhão de toneladas de celulose a mais, atingindo a capacidade total de 1,5 milhão de toneladas. A empresa também comprou parte do controle da Ripasa, elevando sua capacidade, mas enfrentou problemas com minoritários, o que elevou os custos da aquisição.

No plano estratégico da companhia, a intenção é colocar a fabricante na segunda posição entre as maiores produtoras de celulose de eucalipto do mundo em 2015. A empresa ocupa hoje a sétima posição. Mas Maciel Neto fez questão de dizer que o objetivo é crescer com rentabilidade. "Não basta crescer volume a qualquer custo."

Ele contou que as conversas com David Feffer, um dos controladores da Suzano, para assumir a empresa começaram há dois anos. "Não teve 'head hunter'", afirmou.

Na quarta-feira, as ações da Suzano PNA na Bovespa fecharam com queda de 5,39% e encerraram o dia a R$ 12,10, a cotação mais baixa desde o dia 5 de janeiro.