Título: Celesc fracassa no leilão da Casan
Autor: Jurgenfeld, Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 16/06/2006, Empresas, p. B8

O leilão dos 19,3% de participação acionária da Celesc na Companhia de Água e Saneamento de Santa Catarina (Casan), realizado quarta-feira, fracassou. A empresa só conseguiu vender 12 mil ações (6 mil PN e 6 mil ON) de um total de 110 milhões de papéis (55 milhões ON e 55 milhões PN) ofertados. A estatal de eletricidade, no entanto, vai tentar um novo leilão ainda este ano, mas estuda um novo formato.

Segundo o diretor-financeiro da Celesc, Gerson Berti, já existe uma proposta na Secretaria da Fazenda do Estado de Santa Catarina para que a próxima tentativa de venda abra espaço para que exportadores de diferentes setores, com créditos acumulados de ICMS, usem esses créditos para comprar os papéis da Casan. A proposta seria uma novidade no mercado.

"O preço mínimo (R$ 29 milhões) era uma oportunidade porque estava baixo. Mas foi um momento de mercado turbulento e a venda de um bloco minoritário não interessou investidores estratégicos", explicou Berti.

O leilão de quarta-feira repetiu o fracasso de uma tentativa de venda realizada em 2001. Naquele ano a Celesc tentou vender, pela primeira vez, sua participação na Casan. O resultado desta semana, contudo, não surpreendeu a direção da empresa. Os executivos já contavam com as dificuldades criadas pelo momento de turbulência vivida pelo mercado de ações em todo o mundo e pela própria característica da venda: a participação em uma empresa com alto endividamento e que vem sofrendo com perda de municípios, que criaram estrutura próprias para o setor de água e saneamento.

A Celesc vem tentando se desfazer de forma rápida dos ativos que não correspondem à sua principal atividade, a distribuição de energia, para cumprir a desverticalização determinada pela Aneel. A Casan é a primeira de uma série de vendas que será efetuada pela companhia.

A participação da Celesc na Casan foi adquirida entre 1999 e 2000. A elétrica recebeu a maior parte dessa fatia como forma de pagamento de uma dívida da Casan, referente a contas de energia atrasadas. A transação foi intermediada pelo governo do Estado, acionista majoritário das duas companhias. Na época, a dívida da Casan somava R$ 85 milhões. Em 2001, a Celesc tentou vender por R$ 110 milhões. Na quarta-feira, colocou um preço bem mais baixo, de R$ 29 milhões.