Título: Exterior ganha peso na rota de crescimento
Autor: Martinez,Chris e Balarin, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 01/06/2006, Empresas, p. B1

Uma aquisição de grande porte no exterior, como a Uniqema, se concretizada, será o grande salto da internacionalização perseguido pelo grupo Ultra nos últimos anos, sob o comando de Paulo Cunha. Em 2003, o primeiro passo foi dado com a entrada no México, ao adquirir a Canamex, empresa que opera duas unidades industriais químicas com muitas similaridade às da sua controlada Oxiteno.

O grupo, a partir de julho de 2001, quando perdeu a competição pelo controle da Copene, antiga central petroquímica do Nordeste, para a Odebrecht, buscou outros caminhos de crescimento. Tinha quase nada de dívidas e um bom dinheiro no caixa.

Com o principal negócio no mercado de distribuição de gás de cozinha, o GLP, por meio da Ultragaz, Cunha não perdeu a oportunidade de assumir a liderança dessa área, ao adquirir, três anos atrás, os ativos da ShellGás no país. No ano passado, com R$ 2,9 bilhões, o GLP respondeu por mais da 50% da receita líquida do grupo, que somou R$ 4,7 bilhões.

A operação mexicana veio complementar o negócio químico e petroquímico do Ultra, centrado na Oxiteno. Para especialistas e executivos do setor, o grupo corria o risco de ficar com operações diversificadas e de pouca expressão em âmbito nacional e menos ainda internacionalmente - gás de cozinha, que tem margens baixas, produtos químicos com baixa escala e a área de logística cativa, com a Ultracargo.

Cunha, entretanto, não desistiu do ramo petroquímico, embora sua companhia fosse uma das acionistas da petroquímica União (PQU), ainda que minoritária. Seu sonho era ter presença reconhecida no setor, como se transformou a Braskem, surgida da incorporação da Copene e outros ativos.

Nos últimos anos, o Ultra participou ativamente do desenvolvimento da tecnologia para refino de petróleo pesado, produto obtido em grande quantidade pela Petrobras, mas que tem sido exportado por falta de refinarias adequadas. O projeto foi levado a estatal, que, após testes, montou um projeto de refinaria e pólo petroquímico de mais US$ 3 bilhões, a ser instalado no Rio. A parcela societária do Ultra no empreendimento até agora não foi revelada.

Em 2004, os acionistas controladores do Ultra fizeram um novo arranjo societário da companhia, firmando um novo acordo de acionistas. Os integrantes da Igel, holding dos herdeiros, e da Avaré (executivos mais herdeiros) e outros transformaram-se acionistas diretos da Ultra, controladora da Ultrapar Participações.