Título: Grandes redes investem em farmácias e gasolina
Autor: Facchini, Claudia
Fonte: Valor Econômico, 01/06/2006, Empresas, p. B4

Além de ampliar as seções de roupas, eletroeletrônicos e informática, os grandes hipermercados estão avançando sobre outros segmentos do varejo, como farmácias, postos de gasolina e laboratórios fotográficos. As três grandes cadeias - Pão de Açúcar, Carrefour e Wal-Mart - têm como meta reduzir a dependência na venda de produtos alimentícios e de higiene e limpeza, onde as margens de lucro são mais magras do que as oferecidas pelos chamados "não-alimentos".

As farmácias, em especial, entraram na mira dos hipermercados, cujas redes de drogarias começam a rivalizar em número de lojas com as grandes cadeias especializadas. O Wal-Mart, que já tem 96 farmácias nas lojas do Bompreço no Nordeste, abrirá cinco drogarias neste ano na região Sudeste, onde possui oito em operação. Além disso, o grupo iniciará três projetos-pilotos em Porto Alegre para testar o mercado nas lojas do Sonae, que não possuía farmácias.

O Wal-Mart comprou o Bompreço em 2004 e o Sonae em 2005. Com uma rede 296 hipermercados e supermercados no Brasil, o grupo passará a ter neste ano também uma cadeia considerável de 109 drogarias.

O Pão de Açúcar também conquistou uma presença expressiva neste mercado. O grupo abriu em 2001 a sua primeira farmácia em uma loja do Extra em São Paulo. Em apenas cinco anos, a varejista conseguiu ampliar a sua rede para 119 drogarias.

A maior cadeia de farmácias do país em número de lojas é a Pague Menos, do Ceará, com 269 unidades, segundo o ranking da Associação Brasileira de Farmácias e Drogarias (Abrafarma). Em seguida vêm a Pacheco (RJ), com 215 lojas, e a Panvel (RS), com 198 unidades. As drogarias paulistas São Paulo, Drogasil e Droga Raia possuem 184, 163 e 137 unidades, respectivamente.

Em faturamento, cujos valores não são revelados pela Abifarma, o ranking nacional é liderado pela São Paulo, Pacheco, Pague Menos, Drogasil e Droga Raia.

Na década de 90, ainda havia barreiras regulatórias para a entrada dos hipermercados neste segmento em São Paulo, mas nada os impede agora de abrir uma drogaria desde que respeitadas as leis vigentes, como a contratação de farmacêuticos. Só os produtos consumidos sem prescrição médica podem ser colocados nas prateleiras.

Segundo Eduardo Gouveia, vice-presidente de novos negócios do Wal-Mart no Brasil, o grupo está levando as "melhores práticas" de cada rede adquirida para as demais lojas do grupo no país. "O Bompreço possui farmácias há 10 anos e tem um forte know-how neste mercado", acrescenta.

Com a aquisição do Sonae, a empresa também "herdou" postos de combustíveis em três hipermercados da marca BIG no interior de São Paulo. Este é um negócio novo para o grupo, que não possui postos nas lojas do Sudeste e Nordeste. Ainda não há uma decisão sobre o que será feito neste segmento, embora os resultados obtidos demonstrem que este é um "bom negócio", diz Gouveia. "Estamos por enquanto só aprendendo com essas operações", afirma.

Outro negócio em que o Wal-Mart colocou pela primeira vez o pé no Brasil é a internet. O Sonae possuía uma pequena operação virtual em Porto Alegre, que foi mantida pelo grupo.

Tanto o Carrefour quanto o Pão de Açúcar já entram no mercado de combustíveis. O Pão de Açúcar opera hoje 47 postos no Brasil, sendo dois no Pão de Açúcar, nove no CompreBem, oito no Sendas e 28 no Extra.