Título: Petrobras conclui compra da uruguaia Gaseba
Autor: Schüffner, Cláudia
Fonte: Valor Econômico, 01/06/2006, Empresas, p. B11

Em mais uma etapa do seu processo de internacionalização e ampliação das atividades na América do Sul, a Petrobras vai concluir hoje, em Montevidéu, duas aquisições. Como anunciado em novembro do ano passado, a estatal brasileira vai assinar o contrato de compra de 51% da Gaseba Uruguay, distribuidora de gás natural canalizado de Montevidéu, e sacramentar a compra da rede de postos da Shell, o que fará com que se torne a quinta maior empresa do Uruguai, detendo 20% do mercado de distribuição de combustíveis. O negócio com a Shell envolve ainda a aquisição de 261 postos de combustíveis e outras instalações também na Colômbia e Paraguai, um negócio de aproximadamente US$ 140 milhões.

Na Gaseba, a estatal está adquirindo a participação da francesa Gaz de France por aproximadamente US$ 13 milhões. O valor exato do negócio não foi divulgado. A Petrobras terá como sócias a PanAmerican e a Acodike Supergas, empresa uruguaia especializada em fracionamento de gás liquefeito de petróleo (GLP). A Gaseba tem 40 mil clientes e compra cerca de 200 mil a 300 mil metros cúbicos de gás por dia, importados da Argentina, já que o país importa 100% do seu consumo de petróleo (cerca de 40 mil barris/dia processados na refinaria La Teja) e também o de gás natural.

O negócio já era esperado desde que a Petrobras comprou, por US$ 3,5 milhões, 55% da Conecta, distribuidora de gás que atende o interior do Uruguai, em dezembro de 2004. Ela adquiriu a parte de empresas do grupo espanhol Unión Fenosa, ficando sócia da estatal uruguaia Administración Nacional de Combustibles Alcohol y Portland (Ancap), o que marcou sua entrada no país.

Com a aquisição da rede de distribuição da Shell, a estatal brasileira terá 89 postos de combustíveis no Uruguai, onde também vai vender lubrificantes marítimos (bunker) e combustível de aviação (QaV). A operação faz parte de uma aquisição maior da Petrobras, que inclui 38 postos de combustíveis na Colômbia (Bogotá e vizinhança), além de uma base de armazenamento, um terminal e uma planta de mistura de lubrificantes em Puente Aranda.

O número de postos adquiridos é maior no Paraguai, onde ela está comprando da anglo-holandesa 132 postos além de ativos de comercialização de GLP e produtos para a aviação.

Em 2006 a Petrobras prevê investimentos de US$ 2,5 bilhões na América do Sul, dos quais US$ 1,6 bilhão na Argentina, onde está construindo um terminal de embarque de petróleo para escoar a produção naquele país, onde já ocupa o terceiro lugar no ranking das maiores empresas do país. O gerente-executivo da Petrobras para o Cone Sul, Décio Oddone, explicou que a estratégia de aquisições da estatal no continente é de "aproveitar vantagens competitivas na região, onde tem um conjunto de ativos relevantes".

A estatal brasileira tem ativos em todos os países da região, exceto o Chile, onde abriu um escritório em abril e tem negócios de US$ 700 milhões com as exportações de petróleo de Marlim, GLP e produtos petroquímicos. Ali, Oddone diz que a Petrobras está buscando "oportunidades" e, por isso, não será nenhuma surpresa se outras aquisições naquele país forem anunciadas.