Título: Planalto prepara incentivo ao investimento, diz Furlan
Autor: Galvão, Arnaldo e Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 01/06/2006, Brasil, p. A4

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá anunciar, na primeira quinzena de junho, medidas para dar mais alento aos investimentos, disse ontem o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan. "O presidente pode anunciar mais estímulos à produção via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para reduzir custos de logística", afirmou o ministro no primeiro dia da visita oficial à Cidade da Guatemala, onde chegou acompanhado por 50 empresários.

"Temos a determinação do presidente Lula de continuar com o processo de desoneração dos investimentos. O BNDES trabalha nisso com o Ministério da Fazenda e a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI)", afirmou Furlan. Ele disse que o governo prepara uma série de ações para estimular o investimento. Estas medidas, acrescentou, não representarão perda de arrecadação porque ampliarão o mercado. Ele não quis dar detalhes sobre o anúncio a ser feito pelo presidente, o qual não faz parte do pacote de mudanças no câmbio. "São coisas distintas", afirmou.

Segundo o ministro, serão programas específicos que ampliarão os investimentos, mas não representarão desonerações tributárias horizontais. Furlan elogiou o desempenho da economia no primeiro trimestre do ano, quando o PIB cresceu 1,4% em relação ao quarto trimestre de 2005. "Gostei, gostei. (A economia) está indo no caminho da minha projeção, que podemos chegar a um crescimento de 5% no ano", afirmou.

Lembrado de que no acumulado dos últimos quatro trimestres, na comparação com igual período do ano anterior, o crescimento é de apenas 2,4%, ele respondeu: "O importante é a velocidade, que é boa." E continuou: "Vamos ter um ano positivo. Nunca tive dúvidas disso. Os números vão se encaixando. Espero que tenhamos boas notícias para dar", disse referindo-se ao corte dos juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom).

Ele disse que já havia expectativa favorável em relação aos números sobre o PIB divulgados pelo IBGE. Em relação aos investimentos, que cresceram 9% no trimestre na comparação com igual período de 2005, Furlan avaliou que os setores de máquinas e equipamentos vêm com bom desempenho. "A desoneração de bens de capital ajudou. E fizemos avanços na área de material de construção, o que fez crescer a demanda e leva à tendência de novos investimentos", afirmou.

No primeiro encontro oficial na Cidade da Guatemala, Furlan participou da abertura de um seminário com os ministros da Economia, Marcio Cuevas, e de Energia e Minas, Luís Ortiz. A conversa girou em torno ao álcool e aos biocombustíveis. Ortiz disse que a alta do petróleo aumentou os gastos da Guatemala com petróleo de US$ 850 milhões, em 2003, para US$ 1,5 bilhão, em 2005.

"O crescimento dessa fatura pode não ser sustentável para o país", afirmou. O cenário sombrio faz com que a Guatemala tenha interesse na cooperação com o Brasil para desenvolver os mercados de álcool, hoje exportado pelo país para Estados Unidos e Europa, e de biocombustíveis. Há um mês a Guatemala importou dez carros flex-fuel do Brasil para testes.