Título: Para governo, PIB reflete crescimento sustentável do país
Autor: Galvão, Arnaldo e Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 01/06/2006, Brasil, p. A4

O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano "é uma excelente notícia", disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. "O produto cresceu de forma generalizada: na agropecuária, na indústria e no setor de serviços. E, o que é mais importante, cresceu a importação de máquinas e equipamentos. Isso indica que os empresários estão apostando no crescimento sustentável", afirmou o presidente por meio da assessoria de imprensa.

O crescimento do PIB, de 1,4% no primeiro trimestre em relação ao período anterior, foi festejado por todo o governo. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, destacou o aumento dos investimentos e a participação da construção civil. "O que está puxando o crescimento do PIB são os investimentos", afirmou.

A formação bruta de capital fixo, segundo o IBGE, foi 3,7% maior que no último trimestre de 2005. Isso projeta uma taxa anualizada de quase 12%. Para Mantega, a construção civil também colaborou. "Estamos recuperando os níveis de investimento que apresentamos em 2004. É muito positivo, porque é um crescimento com aumento de oferta e de produtividade. É crescimento sustentável", disse.

O ministro da Coordenação Política, Tarso Genro, afirmou que a expansão do PIB no primeiro trimestre foi recebido com satisfação, mas não com surpresa pelo governo. "Este crescimento apontado consolida a visão que o governo colocou na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias): o país está maduro para crescer, inclusive para crescer em taxas superiores às previstas pela LDO (4,5% este ano, 4,75% depois, seguido de 5% e 5,25%, respectivamente)."

De acordo com o ministro, todos os esforços foram feitos pelo governo, mais especificamente pela área econômica, para que o país tivesse esse crescimento. Ele não quis comentar se o bom resultado na economia fortalece a candidatura Lula à reeleição. "Serve para ajudar o Brasil. Estas questões de desenvolvimento e do PIB são como a questão da segurança pública: não podem ser avaliadas do ponto de vista eleitoral, é um interesse público, universal."

A reação do ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, foi de satisfação comedida. Segundo ele, o governo já esperava por isso e o desempenho "foi bom". As previsões do ministério apontam para resultados ainda melhores no segundo e no terceiro trimestres, de acordo com ele.

Apesar do resultado do primeiro trimestre projetar uma taxa de crescimento anualizada de quase 6% para a economia neste ano, Mantega manteve a perspectiva inicial de 2006: aumento entre 4% e 4,5% no produto. Se a agricultura estivesse melhor, o crescimento do PIB seria ainda maior. Porém, com o conjunto de medidas que o governo está propondo - segundo o ministro, o maior plano de safra de todos os tempos - ele disse ter certeza que esse setor vai se recuperar.

Mantega também acredita que a disputa eleitoral não vai interferir na economia. "Se tivesse que interferir, já estaria interferindo. O melhor exemplo disso é o resultado do PIB no primeiro trimestre. Começou o ano eleitoral com a economia crescendo, com o mercado interno se expandindo. Isso mostra que o ano eleitoral não vai ter nenhuma interferência nos rumos da economia brasileira", comentou.

Depois de uma audiência pública que durou seis horas na Comissão de Agricultura da Câmara, Mantega ainda disse que uma vitória do Brasil na Copa do Mundo aliada ao bom desempenho da economia, seria uma "lavada". Respondendo aos deputados que criticaram o contingenciamento do Orçamento, Mantega explicou que ele serve para equilibrar as contas públicas. "Não gostamos de superávit primário nem de juros altos, mas eles são necessários para reduzir a dívida pública. São sacrifícios, mas também há vantagens. O governo quer o país classificado como grau de investimento e isso vai reduzir os juros e o risco no futuro", disse o ministro da Fazenda.