Título: Dilma anuncia companheira de cela para ministério
Autor: Sousa,Yvna
Fonte: Valor Econômico, 07/02/2012, Política, p. A7

Socióloga, professora e pró-reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Eleonora Menicucci de Oliveira será a nova ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres. Ontem, a assessoria do Palácio do Planalto divulgou nota confirmando que Iriny Lopes está deixando o cargo para se candidatar à Prefeitura de Vitória (ES). A transmissão de cargo será na sexta-feira.

Eleonora foi militante de esquerda na década de 60. Presa em julho de 1971 pela repressão, dividiu com outras mulheres a "Torre das Donzelas", ala das presas políticas no presídio Tiradentes. À época, foi companheira de cárcere de Dilma Rousseff.

Na nota, Dilma diz agradeceu a dedicação da ministra e lhe desejou "boa sorte em seus futuros projetos". O texto, de apenas dois parágrafos, é bastante parecido com o divulgado quando Fernando Haddad deixou o Ministério da Educação para concorrer à Prefeitura de São Paulo.

Iriny Lopes, no entanto, deixa o governo com bem menos prestígio do que quando entrou e do que foi empenhado a Haddad. No dia anterior à saída de Haddad, o Planalto preparou um evento para comemorar a concessão de 1 milhão de bolsas do Programa Universidade Para Todos (Prouni) e destacar seus resultados durante os seis anos e meio em que ficou à frente da Educação. No dia seguinte, o da transmissão de cargo, o destaque foi a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, padrinho da candidatura de Haddad.

A saída voluntária de Iriny foi uma solução conveniente para Dilma. Apesar de agradecer, na nota, a "relevante contribuição" da ministra ao governo, a presidente estava insatisfeita com o desempenho de uma secretaria que deveria ter maior destaque durante o governo da primeira presidente mulher do Brasil.

Na tarde de ontem, Aguinaldo Ribeiro tomou posse no Ministério das Cidades no lugar de Mário Negromonte, que deixou o cargo após uma série de denúncias de irregularidades em sua gestão. Ribeiro, por sua vez, já assumiu a função defendendo-se da denúncia do jornal "Folha de S. Paulo" de que teria omitido ser dono de quatro empresas nas últimas eleições.

Outra acusação é de que o novo ministro seria dono de duas emissoras de rádio no interior da Paraíba. As rádios estariam registradas em nome do seu ex-contador e de um assessor pessoal, com empresa sediada no escritório de Ribeiro.

"Isso está tudo declarado na Receita [Federal]. Então, não adianta se fazer factoide onde não existe. Todas as empresas estão declaradas", disse Ribeiro após a cerimônia. "Não tenho nada o que esconder", garantiu o novo ministro.

Em seu discurso de posse, Ribeiro fez críticas aos órgãos de fiscalização e controle, inclusive da área ambiental, e cobrou que os parlamentares atuem para aperfeiçoar a sistemática de aprovação de projetos.

O ministro destacou que é necessário rever a chamada Lei das Licitações, por ele classificada como alguma das "coisas arcaicas" da burocracia que emperra obras importantes para o país, mas ponderou que é "lógico" que o ministério precisa estar "mais perto" dos órgãos de controle, que são "parceiros", estreitando a interlocução entre as partes.

O novo ministro disse que há muita dificuldade na execução de projetos: "Nós estamos deixando hoje que as estruturas que deveriam servir como instrumento de transparência, de zelo pelo recurso público, passa a ser um instrumento de medo para o gestor."

Antes mesmo de tomar posse, Ribeiro assinou - junto com Dilma - no "Diário Oficial da União" seu primeiro ato: a exoneração do secretário-executivo do ministério, Roberto de Oliveira Muniz. Por ser aliado próximo a Negromonte, Muniz era dado como o próximo a cair desde a semana passada. (Colaborou Azelma Rodrigues, com agências noticiosas)