Título: Governo esforça-se para viabilizar as usinas hidrelétricas do rio Madeira
Autor: Basile, Juliano
Fonte: Valor Econômico, 12/04/2006, Empresas, p. B12

O presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, está acompanhando de perto os problemas com as possíveis fontes de suprimento de energia para o leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) em junho, enquanto discute com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) o financiamento para as usinas Jirau e Santo Antônio, que formam o complexo do rio Madeira. As duas usinas estão orçadas em R$ 20 bilhões, sem contar os R$ 5 bilhões necessários para o sistema de transmissão.

Tolmasquim não espera a entrada de novas termoelétricas no leilão, considerando as dificuldades da Petrobras para suprir o mercado de gás em volumes adicionais aos atuais.

"Não esperamos ter gás novo nos próximos três anos, e, por isso, a oferta de termoelétricas nesse leilão deve vir das usinas existentes, da Petrobras", disse o presidente da EPE ao Valor.

Ele espera também que seja oferecida energia ainda disponível de hidrelétricas existentes, da Cemig e da Cesp, e da construção de hidrelétrica São Salvador, da Tractebel. Adicionalmente devem ser inscritas dez pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e outra quantidade de usinas que utilizam biomassa.

Mesmo assim, o presidente da EPE frisa que não há qualquer risco para o suprimento de energia elétrica em 2009. "Independente do resultado do leilão, as usinas já construídas, em construção ou em operação, que ainda tem energia para ser vendida, são suficientes para que o risco de déficit de energia fique abaixo dos 5%", diz o executivo.

Tolmasquim ressalta que o leilão vai servir para complementar a necessidade de consumo das distribuidoras que estão sem contrato, o que não significa que não exista essa energia. Quanto à deficiência da oferta de gás para as termoelétricas, o executivo explica que o governo tem a promessa da Petrobras de substituir por óleo o consumo diário de 14 milhões de metros cúbicos de gás de suas próprias usinas térmicas.

A Petrobras está acelerando o desenvolvimento da produção de gás em Santos e planeja aumentar a oferta em 7 milhões de metros cúbicos em 2008 e outros 7 milhões em 2009. O Valor apurou que a estatal já estuda a construção de dois terminais de Gás Natural Liquefeito (GNL) no Nordeste.

Tolmasquim diz que o gás de Santos não será suficiente para atender à demanda térmica e avalia que, quando tiver início a produção, vai atender apenas ao crescimento normal do mercado de gás para indústria, comércio e residências. Por isso, ele diz não ter dúvidas de que "a construção das usinas do Madeira são um ponto crucial para o Brasil".

O presidente da EPE lembra que a demanda do Brasil por energia nova é de 3 mil megawatts médios por ano. E mesmo assim, segundo ele, as usinas do Madeira vão suprir apenas metade disso. "Sem elas, será preciso uma quantidade muito grande de novas usinas. Então, o mais crítico não é a falta de gás, mas sim a falta de usinas para oferta de energia em 2011", afirma Tolmasquim. (CS)