Título: Presidente vê "jogo da oposição"
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 12/04/2006, Política, p. A12

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva atribuiu ontem "ao jogo da oposição" as versões que estabelecem vinculação do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, ao episódio da quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa.

"Eu sei, ele sabe, todos sabem qual é o objetivo da oposição", comentou Lula, sorridente, depois de almoçar com a presidente do Chile, Michele Bachelet, no Itamaraty. "Não temos de fazer esse jogo da oposição", insistiu, dizendo-se tranqüilo em relação à situação do ministro. A ida do ministro da Justiça ao plenário da Câmara foi marcada para a próxima terça-feira.

Ontem, a Caixa Econômica Federal divulgou nota em que comunica o encerramento de suas apurações internas sobre a quebra do sigilo do caseiro, que tiveram início em 20 de março. Os funcionários de carreira da instituição foram isentados da responsabilidade sobre a iniciativa.

"A comissão examinou os procedimentos funcionais dos empregados diretamente envolvidos no episódio, concluindo pela inexistência, em seus comportamentos, de infração à lei e às normas internas da Caixa", diz nota distribuída pelo banco. "Na convicção dos membros da comissão, os empregados agiram no cumprimento de determinação de superior hierárquico, não considerada ilegal."

Há duas semanas, o presidente da Caixa, Jorge Mattoso, admitiu que partiu dele a iniciativa de requisitar dados da movimentação bancária do caseiro, que mais tarde seriam repassados à revista "Época". Mattoso também sustentou, em nota divulgada na ocasião, que havia repassado os dados ao seu superior hierárqueico - no caso, o então ministro da Fazenda, Antonio Palocci.

A Caixa informa que a atribuição para investigar a conduta de Mattoso - que não é funcionário de carreira da instituição - é da Polícia Federal e da Controladoria Geral da União (CGU). A PF já indiciou Mattoso.

Ao reconhecer que entregou a Palocci os dados sigilosos do caseiro, Mattoso disse que tomara conhecimento das informações a partir dos mecanismos internos de combate à lavagem de dinheiro, que teriam identificado movimentações financeiras incompatíveis com a renda do titular da conta. A Caixa não esclareceu se a versão de Mattoso se confirmou.

Segundo a Caixa, as conclusões das apurações feitas internamento pela Caixa seriam encaminhadas ontem mesmo para a PF, à CGU e à comissão de ética da empresa.