Título: Em Florianópolis, Dirceu faz campanha para Lula
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 12/04/2006, Política, p. A12

O ex-ministro José Dirceu voltou ontem a encarnar o papel de guardião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em palestra em evento da Federação dos Trabalhadores no Comércio do Estado de Santa Catarina (Fecesc), ele saiu em forte defesa da reeleição de Lula. "Estou fazendo tudo que posso para reeleger o presidente", disse à platéia.

Afastado do cenário político nacional há pelo menos dez meses, Dirceu elogiou os feitos do governo e pediu para que os sindicatos se organizem para reeleger o presidente. Ressaltou programas sociais implementados pela gestão de Lula, a política externa e destacou que o país dobrou as exportações.

"O Brasil com o Lula passou a ganhar na Organização Mundial do Comércio (OMC)", disse, citando como exemplo o açúcar, caso em que a OMC reconheceu como legítimas as reclamações do Brasil, Austrália e Tailândia frente à prática de "dumping" de preços, feita pela União Européia. Também ressaltou que o Brasil "teve papel importante na estabilização da Venezuela" e posicionou-se contra algumas políticas americanas, "sendo contra à guerra no Iraque". "Tivemos uma agenda política externa fantástica. O Brasil mostrou ser um país que sabe negociar", destacou.

Mostrando-se entusiasmado com a recente pesquisa Datafolha, que aponta que se a eleição fosse hoje Lula seria reeleito, com o dobro dos votos do segundo colocado Geraldo Alckmin (PSDB), o ex-ministro chegou a corrigir um repórter que durante uma pergunta destacou que Lula estava 10 pontos percentuais à frente. "Não, você está enganado. Está 20 pontos à frente".

Para Dirceu, as pesquisas mostram que o presidente Lula tem apoio da sociedade brasileira. "A sociedade queria estabilidade, e isso tem. Queria que o país tivesse credibilidade, e isso tem. Queria combate à pobreza, e isso tem". "A eleição não está decidida. Quem me conhece sabe que eu não canto vitória antes da hora, mas as pesquisas foram importantes".

Dirceu fez questão de destacar que não vai participar da campanha política como coordenador, nem como membro da direção do PT. Mas como cidadão, "advogado e militante". Ele afirmou que continua defendendo a aliança PMDB-PT. "O PMDB é muito mais complexo que o Garotinho, felizmente".

À platéia, e depois aos jornalistas, disparou contra os tucanos: "Não vejo como os tucanos podem reivindicar um mandato oito anos depois de terem deixado o país como deixaram. Não vejo como os tucanos podem falar em reduzir custo Brasil se entregaram o país para nós quebrado. A verdade nua e crua é que o Brasil estava quebrado quando Lula assumiu". Para Dirceu, a agenda dos tucanos já é conhecida de todos: Alca, privatização e choque de gestão.

Perguntado sobre a CPI dos Correios, Dirceu disse: "a CPI está errada. Não houve mensalão", afirmando a necessidade de que sejam provados os argumentos. "João Paulo Cunha recebeu para votar a favor do governo? Faz algum sentido isso?"

Após uma manhã de conversas, ele posou para fotos e almoçou com os trabalhadores do comércio no restaurante do Sesc, onde ocorreu o evento. Estava acompanhado do presidente do Besc, Eurides Mescolotto, um dos poucos petistas conhecidos no cenário estadual presentes ao evento. A Fecesc informou por meio de sua assessoria de imprensa que José Dirceu não recebeu pela palestra