Título: Brasil entrega projeto de usina
Autor: Fleck, Isabel
Fonte: Correio Braziliense, 29/09/2010, Mundo, p. 21

O chanceler Celso Amorim chega hoje a Porto Príncipe levando o projeto para a construção da usina hidrelétrica de Artibonite, quepoderáfornecer energia a até 1 milhão de haitianos. A pedido do próprio governo do país, a companhia de engenharia da Força de Paz, liderada pelo Brasil, fez o levantamento das condições para a obra, que ficará a 60km da capital e teráumcusto estimado de US$ 191 milhões.

Pelo menos duas construtoras brasileiras confirmaram ao Correioointeresseemrealizaraobra, e podem ser beneficiadas na escolha haitiana por conta do protagonismo brasileiro no tema.

Durante a visita de dois dias, Amorim vai se encontrar com o presidente haitiano, René Préval, para quem apresentará o projeto da usina ainda hoje. Estão previstas audiências com o primeiroministro haitiano, Jean-Max Bellerive, e como diretor-geral do Conselho Eleitoral Provisório, Frantz GérardVerret.

A demanda por uma segunda usina no Rio Artibonite antecede o terremoto de janeiro deste ano, mas se tornoumais urgente após o desastre, que devastou Porto Príncipe. Em outubro de 2009, uma equipe formada por 10 militares e quatro haitianos já havia iniciado o levantamento topográfico na área de 330ha, que poderá ser inundada para a construção da barragem, no departamento (estado) do Centro. A pesquisa, no entanto, foi interrompida após o abalo. Segundo Amorim, retomar o projeto foi um pedido do próprio Préval ao colega Luiz Inácio Lula da Silva. Como resposta ao pedido, o Brasil financiou o estudo técnico da construção da barragem. () Estamos aguardando parcerias para construir a barragem de Artibonite, disse o chanceler brasileiro, durante discurso na reunião da Comissão Interina de Reconstrução do Haiti , no último dia 20,emNovaYork.

Amorim disse esperar que os US$ 40 milhões já repassados pelo Brasil para o fundo de reconstrução sejam usados integralmente na construção. Outros países, como o Canadá e os Estados Unidos, o Banco Mundial ou o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) podem completar o que for necessário, sugeriu o chanceler, logo após a reunião em que cobrou, indiretamente, as doações dos demais países que fazem parte da Comissão. O Brasil empenhou mais de US$ 340 milhões para a ajuda humanitária e o processo de reconstrução. O Brasil foi o primeiro e ainda é o maior contribuinte do Fundo para a Reconstrução do Haiti. É claro que gostaríamos de ser ultrapassadosembreve, declarou.

Construtoras Estão de olho na hidrelétrica duas empresas brasileiras: a Andrade Gutierrez, que já construiu uma estação de tratamento de água e uma rede de dutos na vizinha República Dominicana, e a Odebrecht, que reconstruiu parte do aeroporto de Toussaint L\"Ouverture, em Porto Príncipe.

Esta última, no entanto, esclareceu que pretende estudar o projeto, antes de entrar na concorrência.

Para o financiamento, o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) se coloca como candidato, inclusive frente ao BID. Na viagem, Amorim vai acompanhar o andamento do processo eleitoral, cujo pleito ocorrerá em 28 de novembro, e a evolução dos projetos desenvolvidos com o apoio do Brasil, como a construção de unidades de atendimento médico de emergência, em parceria com Cuba.