Título: PR discute estratégia para retomar ministério
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 15/02/2012, Política, p. A9

O PR decidiu usar seu tempo de televisão no horário eleitoral gratuito para aumentar seu cacife político diante do Palácio do Planalto e, principalmente, do PT. Com uma bancada federal reduzida pela criação do PSD - dos 41 eleitos, sobraram 36 - o partido avalia que seu poder de fogo diante da presidente Dilma Rousseff diminuiu e que as eleições municipais deste ano são fundamentais para o partido recuperá-lo.

Essa avaliação permeou a reunião da Executiva Nacional do partido ontem, de manhã, ocasião em que foram traçados alguns cenários nos principais colégios eleitorais do país em que a eleição para o PT é fundamental e que o apoio do PR - e seu tempo de TV - pode ser colocado na mesa de negociação.

Falou-se, evidentemente, de São Paulo, a prioridade nacional petista, onde ambos caminham juntos há tempos. O PR, porém, ainda não se definiu neste ano. Assim como também está indefinida a situação em Salvador, onde o senador César Borges (BA) é pré-candidato a prefeito de Salvador; em Fortaleza (CE), com o ex-governador Lúcio Alcântara; em Porto Velho (RR), com o deputado federal Luciano Castro; e em Natal (RN), com o deputado João Maia. Em Belo Horizonte também o apoio ao PT não é certo, já que uma ala do partido trabalha pela candidatura própria contra os petistas.

Com tantos pré-candidatos espalhados nas capitais, o PR quer demonstrar que não é só no Congresso que seus parlamentares podem ajudar o governo Dilma Rousseff e seu partido. Esse apoio também pode ocorrer nas eleições. Para tanto, a presidente tem que levar em conta seu principal pedido: a substituição do ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, pelo deputado Luciano Castro (RR). "Cada Estado tem autonomia para decidir sobre as alianças. Então vamos respeitar essa autonomia. Mas as alianças com o PT são o caminho natural", disse o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG).

Na tarde de ontem, ele e o líder no Senado, Blairo Maggi (MT), reuniram-se com a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, para tratar das relações do partido com o governo. Segundo o deputado, Ideli pediu que a legenda retorne oficialmente à base. "O governo vem nos convidando há muito tempo para voltar. Hoje [ontem] ela voltou a fazer esse convite institucional. É um caminho natural do partido, mas que precisamos avaliar ainda."

O partido se declarou independente após a demissão do presidente nacional do PR, senador Alfredo Nascimento (AM), do Ministério dos Transportes, por denúncias de irregularidades. Desde então, embora acompanhe as orientações do governo nas votações no Congresso, a sigla se declara fora do governo. O motivo é que o PR defende que o substituto de Nascimento, Paulo Sérgio Passos, embora filiado ao partido, não o representa. A intenção é que ele seja substituído pelo deputado federal Luciano Castro (RR). Portela, contudo, garante que isso não foi tratado ontem no Palácio. "Fomos apenas ouvir o que o governo quer de nós."