Título: Silêncio é a estratégia de acusados
Autor: Edson Luiz
Fonte: Correio Braziliense, 30/09/2010, Política, p. 11

Suspeito da prática de tráfico de influência na Casa Civil, ex-assessor se nega a depor na PF para esperar o momento certo

O ex-assessor da Casa Civil Vinícius Castro, suspeito de tráfico de influência no ministério, se negou a depor ontem na Polícia Federal (PF). Sua defesa alegou que ele e sua mãe, Sônia Castro, irão falar no momento adequado, que pode ser ainda durante a fase de inquérito, ou quando o processo chegar à Justiça.

O advogado Emiliano Aguiar afirmou que seu cliente está convicto de não ter feito nada de errado enquanto esteve trabalhando com a ex-ministra da pasta Erenice Guerra. Na próxima semana, a PF vai ouvir os dois filhos de Erenice, Israel e Saulo, que também são acusados da prática de tráfico de influência. O melhor para a defesa é esperar avançar o inquérito, afirmou Aguiar, ressaltando que seus clientes podem esperar até mesmo o término das investigações.

Castro e sua mãe sócia de Saulo na empresa Capital chegaram por volta das 14h de ontem na Superintendência da PF no Distrito Federal e passaram pouco mais de uma hora no local. Na saída, como vêm fazendo os demais depoentes, não falaram com os jornalistas. A intenção é colaborar, mas, neste momento, não é interessante falar, diz o advogado.

A defesa de Castro alega que a decisão nada tem a ver com a proximidade da eleição, no domingo. Porém, Aguiar não descartou a possibilidade de ambos mudarem de ideia. Qualquer coisa que poderia ser falada agora poderá ser dita a qualquer momento, afirmou o advogado. Castro, segundo seu defensor, está tranquilo, mas reclama do assédio da imprensa.

Amanhã será colhido o depoimento de Stevan Knezevic, funcionário da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) que estava à disposição da Casa Civil. Na segunda-feira, a PF pretende ouvir o ex-diretor dos Correios Marco Antônio Oliveira e, no dia seguinte, será a vez dos irmãos Isarel e Saulo Guerra, que os investigadores só conseguiram intimar ontem pela manhã.

"O melhor para a defesa é esperar avançar o inquérito. A intenção é colaborar, mas, neste momento, não é interessante falar

Emiliano Aguiar, advogado

O número 5 de outubro Data marcada pela Polícia Federal para os depoimentos dos irmãos Israel e Saulo Guerra, filhos da ex-ministra Erenice Guerra