Título: Emprego no setor volta a subir após quatro meses
Autor: Lamucci, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 13/04/2006, Brasil, p. A9

O nível de emprego industrial avançou 0,5% em fevereiro, na série com ajuste sazonal, segundo dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A leve alta interrompe uma seqüência de quatro meses de recuo. Em relação a fevereiro de 2005, o nível de emprego industrial caiu 0,8%.

No ano, no entanto, o nível de emprego industrial acumula queda de 1,1%. O IBGE destaca que a variação positiva de fevereiro fez com que o indicador de média móvel trimestral mudasse a trajetória de queda e apresentasse estabilidade entre os trimestres encerrados em fevereiro e janeiro. A média móvel trimestral analisa o comportamento do indicador ao longo de três meses, de forma a traduzir a tendência de comportamento do mercado de trabalho industrial.

As demissões superaram as admissões em 9 dos 14 locais pesquisados, com destaque para o Rio Grande do Sul (-9,0%), que sofreu com a queda do setor de calçados e artigos de couros (-23,2%). A Região Nordeste (-2,7%) perdeu com o ramo de alimentos e bebidas (-5,4%) e Santa Catarina (-3,6%) apresentou recuo no setor de madeira (-13,5%). Em nível setorial, 13 das 18 atividades apresentaram resultados negativos e as principais contribuições vieram de calçados e artigos de couro (-14,2%), máquinas e equipamentos (-8,4%) e madeira (-14,3%).

O número de horas pagas ao trabalhador da indústria registrou aumento de 2,2% em relação a janeiro, depois de dois meses de recuo. Em relação a fevereiro de 2005, o número de horas pagas manteve-se estável. Na comparação anual, os responsáveis pelas maiores contribuições positivas foram as regiões Norte e Centro-Oeste (11,5%), São Paulo (2,7%) e Minas Gerais (3,1%), com destaque para o setor de alimentos e bebida.

As principais influências negativas vieram do Rio Grande do Sul (-9,0%) e do Paraná (-5,7%), onde sobressaíram os recuos em calçados e artigos de couro (-17,3%) e em madeira (-29,8%), respectivamente.

As horas pagas funcionam como um indicador antecedente sobre novas contratações. Isso porque quando o empresário se vê obrigado a pagar muitas horas extras há um aumento na probabilidade de que o crescimento da produção se transforme também em expansão da mão-de-obra.

Já o valor da folha de pagamento real dos trabalhadores da indústria cresceu 2,4% em relação a janeiro. Segundo o IBGE, o movimento pode ser explicado, principalmente, pelo pagamento de benefícios na indústria extrativa (31,1%). A folha de pagamento real acumula crescimento de 7,7% em relação a dezembro de 2005.

A Pesquisa Industrial Mensal de Emprego e Salário do IBGE produz indicadores de curto prazo relativos ao comportamento do emprego e dos salários nas atividades industriais, sobre pessoal ocupado assalariado, número de horas pagas e valor da folha de pagamento em termos nominais e reais.