Título: Genro propõe reabertura do diálogo ao PFL e ao PSDB
Autor: Lyra,Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 13/04/2006, Política, p. A15

O ministro da Coordenação Política, Tarso Genro, foi pessoalmente ontem ao Congresso conversar com os líderes do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (PSDB-AM) e do PFL, José Agripino (PFL-RN), e pedir a reabertura do diálogo "de alto nível", bloqueado especialmente depois do acirramento da crise de corrupção envolvendo o governo.

O ministro ressaltou que não foi pedir trégua nem tampouco o estabelecimento de um relacionamento artificial entre as partes. "Vim me colocar à disposição para o diálogo, sem defender a diminuição na acidez das críticas. Temos que lutar para que o relacionamento se baseie nos limites do bom senso", defendeu. O ministro chegou a afirmar, em tom de brincadeira, ter sido bom que todos esses problemas tenham acontecido no primeiro governo comandado pelo PT. "Teremos tempo de consertar os erros para que, num eventual segundo mandato, não os repitamos mais", acrescentou.

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM) elogiou a atitude de Tarso, lembrando que os últimos meses foram marcados pela quebra de confiança no relacionamento entre as partes. "Em muitos momentos o governo agiu de maneira desrespeitosa e desleal com a oposição", acusou o tucano. Virgílio lembrou que vem por aí uma "eleição traumática" e que pactos de boa convivência acabam sempre sendo bem vindos. "O ministro Tarso Genro agiu com sabedoria, qualidade que está em falta neste governo", disse Virgílio.

O líder do PFL no Senado, José Agripino (RN), justificou a alternância de poder como a principal razão para que governo e oposição não percam a racionalidade. "Quem hoje é governo amanhã pode estar na oposição e vice-versa". Agripino acrescentou que a decisão de Genro em conversar com os oposicionistas não significa uma "capitulação" do governo. "Tampouco o fato de eu recebê-lo denota um gesto de subalternidade".

O coordenador político comentou também a crise que se revigorou com a denúncia feita pelo procurador geral da República, Antonio Fernando Souza, ao STF, anteontem, contra ex-ministros do governo e a ex-cúpula do seu partido, o PT, entre outros. Genro lembrou que a denúncia é o início de um processo penal onde todos os indiciados terão oportunidade de se defender. "O Procurador entendeu que o grupo indiciado agiu de forma ilegal. Todos serão julgados e processados, se for o caso. O Procurador-Geral está cumprindo suas funções", defendeu.

Genro fez questão de ressaltar que o pedido de indiciamento, incluindo a antiga direção petista e ex-ministros do governo Lula, não é um documento contra o PT. "Algumas pessoas ligadas ao partido foram citadas no indiciamento. O mais importante é que as instituições permanecem funcionando e os fatos serão investigados, machuquem a quem machucar", ressaltou.