Título: Cautelosa, Gerdau reduz ritmo dos investimentos
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 17/02/2012, Empresas, p. B8

O plano de investimentos em aumento de capacidade instalada divulgado ontem pelo grupo Gerdau, que cobre o período de 2012 a 2016, soma R$ 10,3 bilhões, com 70% dos aportes previstos para as unidades no Brasil. O valor é R$ 500 milhões abaixo do que o programa anterior, que havia sido anunciado no início do ano passado para o quinquênio 2011-2015 e não inclui eventuais aquisições.

Segundo o diretor presidente do conglomerado - segundo maior fabricante de aço longo no mundo - André Gerdau Johannpeter, a redução deve-se em parte à "cautela" em relação ao desempenho da economia mundial nos próximos anos, principalmente por conta dos riscos de contaminação da crise europeia.

Mesmo assim, ele enxerga um quadro de "retomada" e "contínua melhoria" dos níveis de atividade em mercados importantes onde o grupo opera, como Brasil, Estados Unidos, América Latina e Índia. Conforme Johannpeter, a Gerdau vem operando com um nível médio de 77% a 78% de ocupação de capacidade instalada de suas usinas, em linha com a média mundial do setor.

Só no ano passado, o grupo investiu R$ 2 bilhões e em 2012 também vai concluir um aporte pesado para o início da produção de aços planos na Açominas - em Ouro Branco (MG) -,o que reduzirá a necessidade de aportes nos próximos exercícios. Até o fim do ano, a empresa pretende colocar em operação o laminador de bobinas de aço laminadas a quente - produto básico utilizado pelas indústrias da construção civil, petrolífera, automobilística e de máquinas e equipamentos -, com capacidade de 770 mil toneladas anuais.

O equipamento faz parte de um pacote que inclui outro laminador, com capacidade de 1,1 milhão de toneladas de chapas grossas por ano e que deve ser implantado até 2013. Juntos, os dois laminadores exigirão desembolsos totais de R$ 2,4 bilhões.

Johannpeter disse que o grupo também iniciou estudos para o aumento da capacidade do laminador de perfis estruturais da Açominas para 1 milhão de toneladas anuais, sem data para conclusão. No ano passado, o equipamento já havia sido ampliado de 520 mil para 700 mil toneladas anuais, mas a perspectiva de manutenção da alta da demanda justifica um novo plano de expansão, disse o executivo.

O programa da Gerdau para 2012-2016 inclui ainda ampliações das capacidades de produção de aço e laminados em Calvert City e Midlothian, usinas nos Estados Unidos. Na Guatemala está prevista uma nova trefilaria e um laminador de vergalhões e perfis leves, enquanto na Colômbia será reativada a usina de aços para construção civil em Yumbo e serão ampliadas as capacidades dos laminadores das plantas de Tocancipá e Tuta.

O grupo também pretende inaugurar neste ano um terminal portuário próprio na Colômbia para embarcar carvão e coque para o Brasil, México e Estados Unidos. Ao mesmo tempo, planeja alcançar a produção própria de 7 milhões de toneladas anuais de minério de ferro em Minas Gerais, volume suficiente para suprir 100% da demanda da Açominas.

No segmento de aços especiais, utilizados principalmente pela indústria automotiva, o plano quinquenal da Gerdau contempla o aumento de produção nos EUA e um novo laminador e um novo lingotamento contínuo na usina de Pindamonhangaba, além da ampliação da laminação da unidade de Mogi das Cruzes, ambas em São Paulo. Na Índia, será implantado um laminador de aços especiais e vergalhões.

Conforme Johannpeter, o grupo mantém os estudos para a implantação de duas novas usinas no Brasil, cada uma com capacidade anual de produção de 500 mil a 700 mil toneladas de aço para a construção civil e indústria de transformação. Também avalia uma nova siderúrgica de aços especiais nos Estados Unidos, com capacidade de 700 mil a 800 mil toneladas por ano. Os estudos, que foram anunciados no início de 2011, estão fora do programa quinquenal de investimentos e não têm data prevista para conclusão.

A siderúrgica informou que teve lucro de R$ 472 milhões no quarto trimestre, 12% acima do resultado apurado no mesmo período de 2010. As vendas físicas alcançaram 4,7 milhões de toneladas entre outubro e dezembro, contribuindo para o recorde de 19,2 milhões de toneladas em todo o ano passado.

A receita líquida no último trimestre totalizou R$ 9,066 bilhões, com crescimento de 16% na comparação anual. Já o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) trimestral - de R$ 1,025 bilhão - subiu 26% na mesma base de comparação, mas recuou 16% em relação ao terceiro trimestre, pressionado por custos de paradas de manutenção na América do Norte.