Título: Perdigão e fundo fazem melhor oferta para assumir Parmalat
Autor: Adachi, Vanessa
Fonte: Valor Econômico, 03/05/2006, Empresas, p. B1

A proposta do consórcio formado pelo fundo de investimento Latin America Equity Partners (Laep) e pela fabricante de alimentos Perdigão para comprar a Parmalat Alimentos foi escolhida como a melhor pelos credores da empresa, que está em recuperação judicial.

Agora, os termos negociados terão que ser formalizados. "Se não houver nenhuma mudança por parte dos compradores na hora de redigir o contrato, devemos fechar com eles", disse um credor. Somente se houver algum imprevisto é que os outros dois grupos que fizeram propostas, a mexicana Lala e o fundo GP Investimentos, deverão ser acionados novamente.

Segundo o Valor apurou, um dos fatores que mais pesaram a favor da oferta feita pelo consórcio é que ela prevê a quitação da dívida com os bancos. No plano original, os bancos receberiam debêntures no valor de R$ 380 milhões. Na proposta da Perdigão e do Laep, essas debêntures serão substituídas por um pagamento antecipado da ordem de R$ 100 milhões a R$ 150 milhões. Os bancos abrem mão de um bom pedaço dos créditos pela certeza do recebimento imediato.

Boa parte do dinheiro a ser dado aos bancos virá da imediata venda da Batávia à Perdigão. A Batávia, que é controlada pela Parmalat mas tem 49% de seu capital na mão de minoritários, será vendida por algo em torno de R$ 100 milhões e R$ 120 milhões. Uma parcela desse dinheiro ficará no caixa da Parmalat e a outra parte irá para os bancos. As instituições financeiras receberão ainda recursos da venda de alguns outros ativos da Parmalat.

Conforme o Valor antecipou na edição do dia 28, o Laep assumirá a Parmalat, suas dívidas, e também fará o aporte de capital necessário, previsto em R$ 20 milhões no plano de recuperação judicial. A Perdigão tem interesse apenas na Batávia, livre de quaisquer dívidas. Na Parmalat Alimentos ainda permanecerão outras dívidas, com fornecedores, com o INSS e outras, num total aproximado de R$ 160 milhões.

A dívida com os bancos recebeu um enorme desconto desde o início da recuperação até o desfecho que parece se aproximar. O débito original era de cerca de R$ 670 milhões. Com a venda da Etti à Assolan, eles receberam R$ 35 milhões. O plano de recuperação previa a redução da dívida para cerca de R$ 380 milhões em debêntures e, agora, o débito será quitado por quase um terço desse valor.

Ontem pela manhã, os credores da Parmalat suspenderam até o dia 15 a assembléia que irá deliberar sobre a entrada do novo investidor na companhia e o conseqüente afastamento da matriz italiana. O adiamento foi necessário porque a transferência para o fundo Laep ainda não foi formalizada. Os credores também estenderam até o dia 30 a validade do plano de recuperação, que inicialmente iria até o fim da semana passada. (Colaborou Talita Moreira)