Título: Amorim quer acordo antes do início da campanha eleitoral
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 03/05/2006, Brasil, p. A2

O governo brasileiro considera mais "proveitoso" que as bases do acordo de liberalização agrícola e industrial na Organização Mundial do Comércio (OMC) sejam fechadas em junho ou julho, antes que comece formalmente a campanha para a eleição presidencial no país. Isso foi o que sinalizou ontem o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, ao ser indagado em Genebra se a eleição poderia dificultar a posição na Rodada Doha. O país vem sendo cobrado a abrir mais seu mercado à entrada de fornecedores estrangeiros de produtos industriais e serviços em troca de ganhos no comércio agrícola internacional.

Amorim admitiu que em plena campanha "tudo fica mais sensível", maneira de dizer que fazer concessão complica mais diante das pressões dos variados setores. Mas insistiu que a eleição "não afetará de maneira dramática" a posição na rodada.

Depois de conversas com negociadores dos Estados Unidos, União Européia (UE), Austrália e India, Amorim retornou a Brasília "crescentemente convencido" de que um acordo para liberalização do comércio agrícola mundial será "vizinho" da proposta apresentada pelo G-20, o grupo liderado pelo país na OMC.

A proposta do grupo prevê corte médio de 54% nas tarifas agrícolas dos países ricos. A União Européia defende 39% e os Estados Unidos, 75%. O G-20 quer também volume de cotas agrícolas equivalentes a mais de 5% do consumo doméstico no país importador. E corte de 70% a 80% dos subsídios que mais distorcem o comércio.