Título: PPS e PDT anunciam aliança sob assédio de Alckmin e de pefelistas
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 03/05/2006, Política, p. A6

PPS e PDT devem anunciar até o final de maio um nome de consenso como candidato à Presidência da República. Os presidentes dos dois partidos, Carlos Lupi (PDT) e Roberto Freire (PPS), estiveram reunidos ontem na capital paulista e acertaram um compromisso das legendas irem juntas para as eleições de outubro. O PV também deve se reunir à chapa.

O projeto de candidato único de um bloco de esquerda já era discutido desde o final do ano passado, mas passou por "crises" no início desse ano. "Aconteceram um monte de fatos novos: a verticalização, a crise do PMDB, por exemplo. Agora chegou a hora da decisão", disse Lupi.

Segundo ele, os dois acertaram contatos diários para apressar o processo decisório. Os dois partidos estão em processo de "bater" as propostas de governo para chegar a um consenso de programa, para depois escolher um nome entre os dois pré-candidatos: o deputado federal Roberto Freire (PPS-PE) e o senador Cristovam Buarque (PDT-DF). Na última pesquisa Datafolha, do dia 7 de abril, as taxas de intenção de voto de Freire e Buarque oscilavam na faixa de 1% a 3%.

O PFL e o PSDB também estão conversando com o PPS e o PDT em busca de uma aproximação com a candidatura do ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Nas últimas semanas, os presidentes do PPS, Roberto Freire, e do PFL, Jorge Bornhausen, se reuniram para discutir a aliança. Os dois confirmam a conversa, mas dizem que foram restritas a coligações nos Estados. Os dois partidos estarão juntos em Mato Grosso, Rio de Janeiro e Paraná. Nos três, o PPS tem o candidato aos governos. Uma chapa Alckmin-Freire não estaria descartada.

Essa negociação, que ainda está sendo debatida nos bastidores, pode mudar a composição da chapa que disputará a eleição presidencial em outubro. Com isso, os partidos tentariam dar à chapa de Alckmin um caráter de centro-esquerda.

Esse cenário, entretanto, depende ainda da evolução da tentativa de aproximação do PSDB com o PMDB. Dividido, o PMDB tem uma convenção na próxima semana para decidir se homologa ou desiste da candidatura própria. Até lá, o PMDB deve sofrer o assédio tanto dessa chapa de centro-esquerda como do PT.

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), confirma a necessidade de ampliar a aliança, embora negue que a vaga de vice esteja em negociação. "Tenho sempre pregado uma coligação mais ampla. Defendo isso abertamente e vou continuar defendendo."

PPS e PDT condicionam desistir da candidatura própria ao conteúdo do programa de governo de Alckmin. Um dos pontos principais para os dois partidos é a política econômica. A proximidade entre o ex-governador, o economista Yoshiaki Nakano e o ex-ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros, considerados desenvolvimentistas, já agradou a lideranças do PPS. "Nós não temos um projeto eleitoral, mas para o país. O Alckmin aceita mudar a política econômica? Assumir compromissos históricos do PDT? (Uma aliança) depende mais dele", afirmou o presidente do PDT, Carlos Lupi.

O pedetista garante que o objetivo do seu partido é se unir ao PPS para lançar um candidato de terceira via, mas admite que a falta da aliança pode dificultar a intenção do PDT.

Alckmin, disse ontem, em seu terceiro dia de visita ao Ceará, que não mandará flores ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva quando a campanha começar para valer em julho. O ex-governador reagiu com ironia ao comentar declaração recente de Lula de que seu governo, bombardeado por denuncias de corrupção, será julgado pelo povo. "O presidente está soberbo, calçando salto 15. Eu vou de sandálias da humildade", brincou. Alckmin deu uma palestra a convite do Centro Industrial do Ceará e da Federação das Indústrias do Ceará. (Com agências noticiosas)