Título: Ações da Petrobras fecham em alta
Autor: Goes, Francisco e Goméz, Natália
Fonte: Valor Econômico, 03/05/2006, Especial, p. A10

A decisão do governo boliviano de nacionalizar as reservas de gás natural do país teve pouco impacto nas ações da Petrobras ontem. A maioria dos analistas avaliou as perdas da estatal com a medida pequenas em relação ao patrimônio da empresa e continuam recomendado os papéis, que fecharam em alta ontem, ajudando o Índice Bovespa a subir 1,61% e bater um novo recorde, a 41.016 pontos (leia mais nas páginas D1 e C2).

A ação da estatal chegou a abrir em queda, mas recuperou-se com a forte pressão compradora de investidores estrangeiros, que continuam dando o tom ao mercado brasileiro. No fim do dia, a ação preferencial (PN) da Petrobras fechou cotada a R$ 47,05, em alta de 1,77%, e a ordinária a R$ 52,75, com ganho de 3,41%.

"O mercado trabalhava com as ameaças da Bolívia há algum tempo e esse risco já estava embutido nos preços", diz José Carlos Batelli, da Gradual Corretora. "Vemos como muito negativa para o Brasil a medida do governo boliviano, mas com perdas pequenas para a Petrobras de reservas (2,8% do total da empresa) ou de ativos (R$ 1,5 bilhão investidos diretamente no país)", afirma Luiz Caetano, analista da corretora Banif Primus. Mas executivos que participaram ontem da Offshore Technology Conference, em Houston, calculavam que a Petrobras poderá perder de US$ 700 milhões a US$ 1 bilhão em ativos com a nacionalização.

Quem mais sofreu por conta da Bolívia foi a Comgás. A distribuidora paulista de gás depende do fornecimento boliviano - o produto representa 70% do consumo em São Paulo - e pode ter problemas caso o custo do produto suba. A ação preferencial da Comgás PNA fechou em queda de 3,15%, a R$ 280,10.

O petróleo bruto do tipo Brent voltou a atingir cotação recorde ontem, após decisão do governo boliviano ter aumentado os receios sobre interrupções na oferta global de fontes de energia. Em Londres, o petróleo Brent atingiu US$ 74,97 por barril e fechou cotado a US$ 74,61, alta de 91 centavos de dólar. Na Bolsa Mercantil de Nova York, o barril do WTI chegou a ser negociado a US$ 74,90 e terminou o pregão cotado a US$ 74,64 o barril.

A agitação causada pela crise na Bolívia não afetou os metais básicos, que segundo os analistas subiram devido à expectativa de aumento na demanda do setor de construção civil nos Estados Unidos. (Com o Financial Times, de Londres, e Claudia Schüffner, de Houston)