Título: EUA vão esperar por "mais detalhes"
Autor: Leo, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 03/05/2006, Especial, p. A11

O governo americano reagiu com extrema cautela ontem à nacionalização dos campos de gás e petróleo da Bolívia, afirmando que ainda precisa "analisar os detalhes" do decreto de nacionalização antes de posicionar-se sobre o assunto. A maior empresa americana atingida, Exxon Mobil, disse que vai esperar para saber como serão afetados seus investimentos.

As empresas americanas que perderem dinheiro na nacionalização podem recorrer a uma câmara de arbitragem do tratado bilateral de investimentos EUA-Bolívia, assinado em 1998. Mas até agora as perdas americanas parecem ser bem menores que as das multinacionais européias.

O porta-voz do Departamento de Estado, Sean McCormack, disse que os EUA ainda está "analisando os detalhes do decreto e os passos que serão tomados pelo governo boliviano", e que não tinha o "retrato completo da situação". McCormack disse que os EUA "sempre tem a preocupação de que o governo cumpra suas obrigações contratuais" na renegociação de contratos, mas que não havia ainda dados para dizer se os contratos foram quebrados pela Bolívia.

Uma fonte do Departamento de Estado consultada pelo Valor disse que os EUA estão "preocupados com o impacto potencial do decreto na economia da Bolívia, clima de investimento no país e contratos em vigor".

McCormack evitou comprometer-se até quando perguntado sobre a invasão dos campos pelo exército da Bolívia. "Não tenho certeza do efeito prático da mobilização de tropas".

A maior empresa afetada é a Exxon Mobil (Esso), maior companhia de petróleo do mundo. Mas os ativos em risco são pequenos em relação ao tamanho da companhia. A Exxon tem 34% do campo de gás Itau, em associação com a francesa Total- uma herança da antiga Mobil, comprada pela Exxon. O porta-voz da companhia, Robert Davis, disse que a companhia "ainda está analisando o impacto do decreto" para saber se afetará apenas as reservas já em produção ou seus investimentos (o campo Itau não está produzindo).