Título: Temor com alta de juro leva a queda nas bolsas
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Fonte: Valor Econômico, 04/05/2006, Finanças, p. C2

As bolsas de valores dos Estados Unidos fecharam em baixa ontem, depois que dados econômicos fortes renovaram preocupações sobre novos aumentos nos juros e a previsão de receitas decepcionantes da fabricante de produtos de consumo Procter & Gamble. As ações da empresa caíram 3,25%.

O índice Dow Jones recuou 0,14%, para encerrar a 11.400 pontos, e o Standard & Poor's 500 caiu 0,41%, para 1.307 pontos. O Nasdaq perdeu 0,25%, indo a 2.303 pontos.

A queda de 3% no preço do barril do petróleo abateu ações de petrolíferas e ajudou a pressionar o mercado. Exxon Mobil, por exemplo, caiu 1,39%, e ConocoPhillips cedeu 2,43%. Um relatório do governo mostrou que os estoques de gasolina subiram inesperadamente na semana passada.

O ritmo de atividade no setor de serviços dos EUA avançou mais que o esperado em abril, segundo o Instituto de Gestão de Fornecimento. Além disso, novas encomendas nas fábricas americanas subiram em meio à forte demanda por equipamentos de transporte, produtos eletrônicos e máquinas. Os dados aumentaram temores sobre inflação e taxas de juros maiores. O Federal Reserve deve elevar o juro na próxima quarta-feira.

A queda foi ainda mais intensa nas bolsas européias. Os motivos foram os mesmos: queda nas ações das petrolíferas e expectativa de inflação e juros em elevação. O índice Financial Times, de Londres, caiu 1,19%, para 6.010 pontos. Em Frankfurt, o DAX perdeu 1,36%, a 5.968 pontos. Em Madri, o Ibex-35 recuou 0,44%, para 11.876 pontos. Em Paris, o CAC-40 teve baixa de 0,9%, a 5.193 pontos. Em Milão, o Mibtel baixou 0,71 e o PSI20, de Lisboa, caiu 0,42%.

Mesmo empresas que divulgaram lucro acima do esperado, como a montadora alemã BMW e a empresa britânica de gás BG Group, foram afetadas pelas vendas generalizadas. O índice de blue chips da região, o FTSEurofirst 300 atingiu 1.397 pontos no começo do dia, maior nível desde julho de 2001, mas fechou em baixa de 0,87%, a 1.379 pontos.

Os investidores estão na expectativa da decisão do Banco Central Europeu hoje. Espera-se que o juro seja mantido em 2,5% mas também que o presidente do BCE, Jean Claude-Trichet, faça comentários austeros. Nos EUA, o índice de atividade do setor de serviços avançou apesar das previsões de recuo, estimulando temores de mais aperto monetário pelo Federal Reserve.