Título: Brasil está menos vulnerável
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Fonte: Valor Econômico, 20/06/2006, Finanças, p. C3

O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou ontem que a vulnerabilidade econômica do Brasil está bastante reduzida, com as dívidas externa e doméstica e as reservas internacionais em níveis mais confortáveis. O FMI previu que a economia brasileira deve crescer em 3,5% neste ano, maior em relação aos 2,3% esperados em 2005, após a avaliação de 2006 sobre a economia do país. "Os diretores (do FMI) vêem esses avanços como sustentação para maior estabilidade e crescimento de longo prazo", declarou o FMI.

O Fundo alertou ao Brasil que a crescente aversão ao risco em relação aos mercados emergentes, evidenciada pela turbulência nos mercados globais, reforçou a importância da prudência econômica e da necessidade de continuar reduzindo o potencial de fraqueza econômica.

Beneficiando-se da recente força da demanda e do aumento dos preços das commodities, o Banco Central brasileiro ampliou as reservas internacionais do país e retirou do mercado papéis da dívida externa para melhorar o perfil do endividamento. A proporção da dívida externa para as exportações está no menor nível em mais de 25 anos.

Em Nova York, o secretário do Tesouro Nacional, Carlos Kawall, afirmou que governo pretende continuar adquirindo seus bônus internacionais. As recompras desses títulos ajudaram a segurar os preços em meio às vendas maciças de títulos da dívida de mercados emergentes, disse Kawall. O governo, disse o secretário, mantém sua previsão de que a economia crescerá cerca de 4%.

A diretoria do FMI disse que a manutenção de um alto superávit primário ajudou o Brasil a reduzir as dívidas e que a postura do BC na política monetária, ficando dentro das metas de inflação, auxiliou a ancorar as expectativas inflacionárias. A inflação tem convergido para a meta oficial de 4,5% ao ano, com o suporte de um alívio monetário gradual, disse o FMI. Rodrigo Azevedo, diretor de política monetária do BC, afirmou, em entrevista em Nova York, que o país permanece comprometido em manter a inflação em níveis baixos e estáveis.

Alguns diretores do FMI sugeriram que o Brasil pode alterar sua meta de inflação para prazos mais flexíveis do que o ano-calendário e uma faixa de variação mais estreita. Outros disseram que essas mudanças devem ser consideradas apenas depois de os objetivos atuais serem atingidos consistentemente. O Fundo disse que destravar o potencial de crescimento do Brasil é o desafio mais importante do país. "Impulsionar as perspectivas de crescimento de médio prazo vai exigir a consolidação da estabilidade macroeconômica", afirmou o FMI. Para o Fundo, a retomada do crescimento pode ser estimulada por novas políticas que ajudarão a melhorar as condições de atuação das empresas, como a redução das regulamentações trabalhistas e a diminuição gradual dos impostos sobre transações financeiras.

"Será importante realizar um conjunto ambicioso de reformas estruturais mais amplas destinadas a melhorar a intermediação financeira, a encorajar a abertura da economia e a fortalecer as condições operacionais", afirmou o FMI. Uma combinação de políticas como essa ajudaria a reduzir os juros e encorajaria o crescimento dos investimentos