Título: Incerteza externa faz juro voltar a subir
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 20/06/2006, Finanças, p. C8

As taxas de juros das operações de crédito ao consumidor voltaram a subir em maio, depois de quedas em abril. O motivo: as incertezas do mercado internacional foram embutidas nos preços.

De seis modalidades de crédito pesquisadas pela Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac ), cinco apontaram aumento nas taxas. Só uma caiu. Em abril, houve recuou nos juros de todas as linhas pesquisadas.

O maior aumento foi o da concessão de empréstimo pessoal por financeiras. A taxa subiu 0,1 ponto percentual, passando de 11,50% para 11,60%. As outras elevações ocorreram nos juros do comércio (6,08% para 6,15%), do cartão de crédito (10,25% para 10,33%), do crédito direto ao consumidor fornecido pelos bancos (3,35% para 3,38%) e do empréstimo pessoal bancário (5,54% para 5,59%). A taxa do cheque especial passou de 8,16% para 8,07%.

A taxa média geral para pessoa física subiu 0,04 ponto percentual no mês, passando de 7,48% em abril para 7,52% ao mês em maio. Com isso, a taxa anual avançou de 137,65% para 138,71%.

Miguel José Ribeiro de Oliveira, economista e coordenador da pesquisa da Anefac, lembra que em maio houve uma nova queda da taxa Selic, de 0,50 ponto percentual - para 15,25% ao ano. Mas, como essa queda ocorreu no último dia de maio, não houve tempo para qualquer alteração das taxas ao consumidor nesse mês.

Nas operações de crédito para pessoa jurídica, das quatro linhas pesquisadas, uma apresentou elevação, duas sofreram redução e uma ficou estável.

A alta foi verificada nas taxas de conta garantida (cheque especial), de 5,67% para 5,72% ao mês. Caíram os juros mensais do desconto de duplicatas (de 3,76% para 3,70%) e de desconto de cheques (4% para 3,92%). As taxas para capital de giro ficaram estáveis, na média, em 4,18% ao mês.

O juro médio geral cobrado das empresas recuou 0,02 ponto percentual de abril para maio, passando de 4,40% para 4,38%. A taxa anual caiu de 67,65% para 67,27% ao ano no período.

"Novas reduções das taxas de juros ao consumidor eram esperadas em maio, pela maior competição do sistema financeiro e pela provável queda dos índices de inadimplência", disse Oliveira. "Mas isso não aconteceu devido ao momento econômico internacional, marcado pelas incertezas quanto ao comportamento dos juros americanos."