Título: Comando de campanha tucana reúne-se sem pefelistas
Autor: Góes, Francisco
Fonte: Valor Econômico, 20/06/2006, Política, p. A6

A dois dias da convenção nacional do PFL que vai homologar a coligação com o PSDB, a coordenação tucana da campanha do ex-governador Geraldo Alckmin a presidente realizou ontem a mais completa reunião operacional da equipe em Brasília sem a participação dos pefelistas.

Nos bastidores da disputa eleitoral, tem crescido a queixa de lideranças do PFL com o que consideram falta de organização e improviso da campanha. Há também críticas ao candidato. Para setores do PFL, Alckmin tem postura apática e sem vibração. Faltaria a ele, também, apresentar projetos regionais mais consistentes. Alguns setores do PSDB, por sua vez, acham que há mais pefelistas criticando do que ajudando a candidatura Alckmin. A reunião de ontem foi marcada para discutir questões administrativas da campanha, como a montagem do comitê de Brasília e a logística de viagens do candidato, e os rumos políticos a serem tomados pelo candidato.

Comandada pelos senadores Tasso Jereissati (CE), presidente do PSDB, e Sérgio Guerra (PE), coordenador tucano da campanha, a discussão reuniu pela primeira vez o chefe da comunicação, Luiz Gonzales, com o novo coordenador-adjunto da equipe, Eduardo Jorge Caldas - ex-secretário-geral da Presidência no governo Fernando Henrique Cardoso -, o coordenador do programa de governo, João Carlos Meirelles, além de advogados do partido.

"Não é uma reunião política. É operacional", afirmou Tasso, justificando a ausência dos pefelistas. Nem o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), nem o coordenador pefelista da campanha da Alckmin, senador Heráclito Fortes (PI), sabiam do encontro, que foi realizado na sede do PSDB.

Divergências entre tucanos e pefelistas sobre a condução da campanha de Alckmin já haviam motivado a criação do conselho político da campanha, integrado inicialmente por seis representantes de cada um dos dois partidos. Posteriormente, o presidente do PPS, deputado Roberto Freire (PE), foi convidado a participar. O PFL se queixava de improvisos e disputava espaço no comando da campanha. Divergências entre os dois partidos em vários Estados criavam constrangimentos para a candidatura. Numa tentativa de melhorar a relação, o conselho não apresentou resultados efetivos.

Um dos exemplos de falta de organização da campanha, citados por pefelistas, foi a viagem que Alckmin faria a Palmas (TO), na sexta-feira, marcada pelo PSDB, para participar de evento com o ex-governador Siqueira Campos (PSDB), que disputa o governo. A viagem acabou cancelada em cima da hora para evitar problemas com o PFL, partido que apóia a reeleição do governador Marcelo Miranda (PMDB).

Guerra reconhece que as divergências entre os dois partidos nos Estados dificulta a organização das agendas de viagens de Alckmin. "Deixamos de ir a Tocantins por um esforço de conciliação com o PFL", afirmou o coordenador. Tucanos e pefelistas garantem que a campanha ganhará novo rumo depois das realizações das convenções partidárias. "Na reta final é que se arruma", afirmou ontem o presidente do PFL.

Na opinião de Bornhausen, falta organização principalmente nas viagens do candidato, que estão sendo programas sem a antecedência necessária. Segundo ele, durante a Copa do Mundo de Futebol, Alckmin deveria atuar nos bastidores "para buscar melhorar as soluções estaduais".