Título: Justiça pode aceitar hoje proposta da VarigLog
Autor: Vieira, Catherine e Magalhães, Heloisa
Fonte: Valor Econômico, 23/06/2006, Empresas, p. B1

O juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio: entre a falência e a oferta de US$ 20 milhões da ex-subsidiária da companhia aérea A decisão sobre o futuro da Varig deve voltar hoje para a Justiça. Cada vez mais a aérea tem dificuldade para operar e ontem as indicações eram de que a NV Participações, compradora da companhia, ainda não tinha levantado os US$ 75 milhões referentes à primeira parcela do pagamento. E o depósito tem que ser efetuado até às 14 horas de hoje.

Segundo fontes da Justiça, o juiz Luiz Roberto Ayoub, da 8ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro está trabalhando com duas possibilidades caso não seja feito o depósito. Uma delas seria decretar a falência, mas ele também estudava a possibilidade de aceitar a proposta da VarigLog, de investir imediatamente US$ 20 milhões na aérea.

Caso seja adotada essa solução, o juiz decreta deserção do leilão, realizado em 8 de junho, e encaminha o processo para vistas do Ministério Público e o administrador judicial, representado pela Deloitte. Após a análise das partes, pode tomar a decisão de homologar a proposta da VarigLog.

Segundo fontes do judiciário, Ayoub vem estudando todas as hipóteses possíveis para evitar a falência da empresa e ele mesmo costuma dizer que seu trabalho é exatamente executar a nova lei, que como o próprio nome diz é de recuperação de empresas, ou seja, exatamente para evitar falências.

Mas a tarefa não tem sido fácil. No primeiro leilão, no dia 8 de junho, antecipado em um mês, apenas a NV Participações, ligada ao Trabalhadores do Grupo Varig (TGV) apresentou-se. Porém, o depósito inicial exigido pelo edital, de US$ 75 milhões não foi feito até agora, decorridos quinze dias. Ontem, os representantes da NV, que tinham ido até o BNDES na terça-feira em busca de capital de giro, eram esperados no banco de fomento para detalhar o plano de negócios e as exigências. No entanto, isso não ocorreu, porque, segundo informações do TGV a prioridade ontem era tentar fechar com um investidor para conseguir fazer o aporte de US$ 75 milhões no prazo.

Com a extensão até hoje do prazo dado pelo juiz Ayoub, alguns interlocutores que acompanham o caso chegaram a avaliar que o objetivo era tentar ganhar tempo para que surgisse o investidor. No entanto, até ontem o que surgiu de concreto foi uma nova proposta do grupo Volo, controlador da VarigLog, que pela terceira vez faz uma oferta pela Varig. No entanto, a proposta esbarra em novos questionamentos, uma vez que seria necessária a anuência da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

O Valor apurou que representantes da VarigLog estiveram ontem na Anac e o juiz Ayoub acompanhou do Rio as negociações. Ontem o dia foi de poucas reuniões no Rio. Como havia o jogo do Brasil, o expediente no Tribunal terminou às 15h. Pela manhã, Ayoub reuniu-se com o presidente do Tribunal de Justiça, Sergio Cavalieri para discutir o processo da Varig.

Se aprovada, a proposta da VarigLog pode injetar mais US$ 485 milhões em investimentos para retomar as operações da Varig. Como ex-subsidiária da aérea, a VarigLog, além de prestar serviços para a empresa, também utiliza, por exemplo, porões de carga da Varig.

Um relatório divulgado ontem pela Merrill Lynch afirma que a American Airlines, maior aérea do mundo, e a TAM são as mais bem posicionadas para se beneficiar da falência da Varig.

A TAM está em melhor posição para capturar as rotas internacionais da Varig do que sua concorrente local, a Gol, diz o relatório. A American Airlines, que obteve receitas em torno de US$ 3 bilhão na América Latina em 2005, deverá ser a mais beneficiada entre as aéreas americanas no Brasil, segundo o relatório. (Colaborou Vera Saavedra Durão)