Título: BNDES terá critérios de governança corporativa na concessão de crédito
Autor: Fariello, Danilo
Fonte: Valor Econômico, 23/06/2006, Finanças, p. C2

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) pretende adotar em breve critérios de governança corporativa para a concessão de credito a grandes e médias empresas. Ontem, na "Mesa Redonda de Governança Corporativa da América Latina", organizada pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) e pela International Finance Corporation (IFC), Pedro Duncan, especialista em governança do banco estatal, disse que haverá exigências mínimas para empresas que buscarem o apoio da instituição, podendo este ser até motivo de veto a qualquer tipo de empréstimo.

Também haverá uma classificação das empresas em diferentes graus de governança - a princípio serão quatro -, que vão interferir no volume do credito oferecido ou no prazo para sua devolução.

Falta ainda, contudo, definir a metodologia exata que será adotada para a diferenciação dos níveis de governança das tomadoras e, depois disso, a proposta será enviada para a aprovação da presidência do BNDES.

Segundo Duncan, os critérios deverão seguir itens de diferenciação definidos pelo Instituto Brasileiro de governança Corporativa (IBGC). Serão considerados, por exemplo, a estrutura acionaria da empresa, a existência de auditoria independente e gerenciamento e controle de processos, entre outras questões.

"Usaremos esses princípios para ajudar a mensurar o risco de credito das companhias." Da mesma forma, essa medida de governança também poderá ser usada para indicar o percentual de participação que o BNDES assumiria no capital social das companhias em que è acionista, completou.

O IBGC já havia apoiado o governo em proposta similar que ventilou no governo em 2002. As regras sobre influência da governança na concessão de crédito chegaram a ser divulgadas no site do BNDES, mas foram abandonadas meses mais tarde.

"O BNDES retomou esse caminho para atingir duas metas fundamentais, que são o fortalecimento das empresas nacionais e o desenvolvimento do mercado de capitais brasileiro", afirma Pedro Duncan.