Título: Aliança com tucano não exclui ministério, diz Kassab
Autor: Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 29/02/2012, Política, p. A10

O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PSD), disse ontem que o apoio ao pré-candidato José Serra (PSDB) na disputa pela Prefeitura de São Paulo não impede que um filiado ao seu partido assuma um ministério no governo Dilma Rousseff. Fundador do PSD, Kassab afirmou que a posição da legenda em relação ao governo federal é de "apoio" e "cooperação".

Segundo Kassab, a aliança do PSD com Serra na capital paulista não prejudica a eventual participação no governo Dilma. "São coisas distintas", declarou, em visita à zona leste da capital. "É uma questão local; não muda em nada nossa relação com o governo federal".

Ao falar sobre a possibilidade de um filiado do PSD assumir um ministério, Kassab citou o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. "Acho que é um direito dele [Henrique Meirelles] de aceitar e é bom para o Brasil", afirmou.

O prefeito disse que o PSD continuará "independente" mesmo se ganhar um ministério. "Mesmo se ele [Meirelles] aceitasse, seria um ministro desvinculado de ações partidárias. Não teríamos nenhum compromisso de integrar a base partidária", declarou Kassab.

O fundador do PSD, no entanto, reforçou que a relação de seu partido com o governo federal é de "cooperação, apoio e de torcida para que de certo". Kassab disse que "poucos" foram tão parceiros do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva quanto ele.

Segundo o prefeito, o mais importante é "jamais ficar contra para sempre".

O apoio de Kassab a Serra se dá depois de intensas negociações entre o prefeito e o PT. O articulador do PSD acenou com aliança à candidatura do ex-ministro Fernando Haddad e chegou a participar da festa de 32 anos do PT, em Brasília, como forma de reforçar sua disposição em compor com os petistas. O cenário eleitoral na época ainda não trazia Serra como pré-candidato. Em troca do apoio a Haddad, Kassab poderia ganhar um ministério e teria o apoio dos petistas junto ao Tribunal Superior Eleitoral, para conseguir tempo de televisão e recursos do fundo partidário.

A tentativa de aproximação do PT em relação ao PSD foi duramente criticada ontem pela ex-prefeita e senadora Marta Suplicy (PT-SP). Segundo a petista, seu partido errou no processo eleitoral em São Paulo. Para Marta, o PT perdeu aliados tradicionais enquanto buscava uma aliança com o PSD do prefeito Kassab.

"No processo eleitoral de São Paulo é preciso reconhecer que erramos. Fomos precipitados", registrou a ex-prefeita, em sua página no Twitter. "Ficamos flertando com [o] adversário enquanto nossos tradicionais aliados migraram para o lado deles", afirmou Marta, que teve de retirar sua pré-candidatura por pressão do grupo petista ligado ao ex-presidente Lula para apoiar o ex-ministro Fernando Haddad.

A senadora foi uma das principais críticas à tentativa de aproximação com o PSD articulada por Lula e por parte da cúpula do PT paulista.

O PT ainda não fechou aliança com nenhum partido da base aliada ao governo federal.