Título: Para Rigotto, governo já monta base aliada
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 23/06/2006, Política, p. A6

O governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto, propôs ontem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o pacto federativo seja revisto num eventual segundo mandato petista. A sugestão foi feita quando, em audiência no Palácio do Planalto, Rigotto ouviu do ministro Tarso Genro, da articulação política, a necessidade de um pacto de governabilidade a partir de 1º de janeiro de 2007. "O ministro Tarso Genro acredita que o presidente Lula conseguirá o segundo mandato e já busca construir uma base sólida para promover as futuras mudanças", declarou Rigotto.

Rigotto, que participou de audiência na manhã de ontem no Planalto com o presidente Lula e os ministros Dilma Rousseff, Tarso Genro e Guido Mantega, declarou que, se Lula pensa mesmo na reeleição, não pode deixar de rever a relação entre União, Estados e municípios. "O governo não pode pensar apenas em reforma política. Tem que fazer mais", cobrou o governador gaúcho.

Rigotto lembrou a demora do governo em editar a medida provisória liberando a segunda parte dos recursos para compensar as perdas dos Estados exportadores com a desoneração do ICMS. "Dos R$ 3,9 bilhões da Lei Kandir, ainda falta R$ 1,9 bilhão. Foi uma promessa da equipe econômica que até agora não foi cumprida", reclamou.

O governador pemedebista não quis adiantar quem apoiará na campanha presidencial. Avisou que até amanhã decide se concorre ou não à reeleição para o governo estadual e reclamou de seu partido, que, em sua opinião, demorou a decidir sobre a candidatura própria, alterou as regras da convenção e acabou prejudicando-o na disputa com Anthony Garotinho.

Assessores ligados a Tarso Genro negaram que o petista esteja dando como certa a vitória de Lula em outubro, antes mesmo da confirmação da candidatura do presidente à reeleição. "Ele está falando, sim, de um pacto de governabilidade pelo desenvolvimento do país, independente de quem tomar posse a partir de primeiro de janeiro do ano que vem", defendeu.

O governador do Rio Grande do Sul reclamou do ministro Guido Mantega que o acordo entre o governo federal e os Estados era de liberar os R$ 3,9 bilhões em doze parcelas iguais, mas vem recebendo metade desses recursos. Mantega prometeu que, no final do ano, o volume de R$ 3,9 bilhões será repassado.

O ministro da Fazenda, segundo informou Rigotto, também prometeu estudar medidas para apoiar as indústrias de máquinas agrícolas que vêm enfrentando sérias perdas com a crise no setor. Entre elas estão linhas de financiamento de capital de giro, via BNDES, e mais incentivos para as exportações que têm a América Latina como destino. (Colaborou Arnaldo Galvão)