Título: Dilma acelera Pastas para PDT e PR
Autor: Exman , Fernando
Fonte: Valor Econômico, 01/03/2012, Política, p. A6

A presidente Dilma Rousseff pretende concluir o mais rapidamente possível as mudanças no primeiro escalão do governo, resolvendo assim a situação do PR e do PDT no Executivo. A ideia inicial de Dilma era acabar com essas pendências até o fim desta semana, antes de viajar à Alemanha. No entanto, as crises envolvendo a cúpula do Banco do Brasil e os militares (ver página A8) podem atrapalhar os planos do Palácio do Planalto.

Enquanto a situação não é definida, os dois partidos ameaçam unir forças à oposição na disputa pela Prefeitura de São Paulo, maior colégio eleitoral do país e eleição considerada estratégica pelo PT. O PR tenta derrubar Paulo Sérgio Passos do comando do Ministério dos Transportes, que substituiu o senador Alfredo Nascimento (AM), presidente da sigla, após uma série de denúncias de irregularidades. Desde então, o partido adotou uma postura de independência no Congresso por não ter sido ouvido por Dilma antes da mudança. Já o PDT quer indicar logo um substituto para Carlos Lupi, que também foi demitido do Ministério do Trabalho devido a denúncias.

Para o senador Blairo Maggi (MT), é possível o PR aderir à candidatura do tucano José Serra a prefeito de São Paulo. O partido faz parte da coalizão que dá sustentação ao prefeito Gilberto Kassab (PSD), que apoiará Serra, argumentou. "Se nós não fizermos parte da base, não somos base do governo, nós somos livres para qualquer negociação em qualquer lugar. Não é só em São Paulo, tem outros locais também que a gente tem interesse", afirmou Maggi. "O PR tem uma posição: se ele é governo e está dentro do arco de alianças, está dentro da base, tem compromissos com o governo e é muito mais tranquilo seguir com as parcerias com o PT nos outros lugares."

O PR apresentou ao Palácio do Planalto quatro sugestões para o cargo de ministro dos Transportes: os deputados Luciano Castro (RR) e Milton Monti (SP), o ex-senador César Borges (BA) e o vereador de São Paulo Antonio Carlos Rodrigues. Os nomes ainda são analisados pelo governo. O PDT, por sua vez, vive um clima de disputa interna. Os nomes cotados para chefiar o Ministério do Trabalho são os dos deputados Vieira da Cunha (RS) e Brizola Neto (RJ), além do secretário-geral da sigla, Manoel Dias.

Diante do impasse, no Planalto não é descartada a possibilidade de Dilma promover uma dança das cadeiras para viabilizar a reacomodação dos dois partidos. O PR poderia, por exemplo, assumir o Ministério da Agricultura e abrir espaço para o PMDB tomar posse do Ministério dos Transportes. No entanto, articuladores políticos do Executivo e líderes da base aliada questionam a viabilidade dessa manobra.