Título: Velhos caciques ficam no limbo
Autor: Jeronimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 04/10/2010, Política, p. 10

Apesar de não eleger Dilma no primeiro turno, Lula vê oposição perder força no Congresso.DEMé umdos maiores derrotados

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não conseguiu emplacar sua candidata à Presidência no primeiro turno, mas a derrota eleitoral de muitos de seus desafetos teve gosto especial para o petista. Grandes caciques da política, acostumados com campanhas amenas e vitórias confortáveis, não passaram no vestibular das urnas.NoCeará, por exemplo, os responsáveis pelas pesquisas eleitorais que mostravam o senadorTasso Jereissatti (PSDB) à frente na disputa para o Senado Federal devem estar se perguntando se o eleitor mentiu nas sondagens ou se o método era incerto, pois o parlamentar não conseguiu se reeleger.

O senador ArthurVirgílio, do PSDB-AM, e a ex-senadoraHeloisa Helena (PSol)¿que foi uma pedra no sapato de Lula no Congresso ¿, também perderam a chance de ampliar a bancada de seus partidos no Senado.Na lista dos grandes que foram derrotados, há também um ex-desafeto do presidente.Osenador Fernando Collor deMello (PTB) dava a conquista do governo de Alagoas como favas contadas, mas foi barrado pelos eleitores de seu estado, ficandoemterceiro.

Oex-governadordoRioGrande do Sul Germano Rigotto (PMDB) também terá que esperar mais quatro anos para tentar de novo umacadeiranoSenado.Outrasurpresa foi a derrotadosenadorMão Santa(PSC-PI),quenãoconseguiu se reeleger.NoEspíritoSanto, a deputada Rita Camata (PSDB) engrossou a lista dos chamados¿nomes fortes¿ que não alcançaram sucesso na disputa pelo Senado.

Mas se o alvo de Lula era o DEM, seu desejo de ¿extirpar¿ o partido da política nacional foi parcialmente atendido. Caciques renomados da legenda, como os senadores Heráclito Fortes (PI), Marco Maciel (PE) e o ex-prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia (RJ) foram duramente derrotados nas urnas.

O desempenho da sigla este ano não lembra nem de perto o áureo período da legenda durante o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, quando o partido tinha como líderes os ex-senadores Jorge Bornhausen (SC) e Antonio Carlos Magalhães (BA). Em 2002, por exemplo, quando 54 vagas para o Senado foram disputadas, como neste ano, oDEMgarfou 14 delas.

Ontem, as urnasmostraram que apenas o senador José Agripino Maia (RN) saiu vitorioso. A bancada atual da sigla, de 13 senadores, será reduzida para seis.

Bancada menor Na Câmara, informações preliminares do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dão conta que a bancada do DEM pode ser reduzida quase à metade. Na disputa de 2006, a legenda fez 65 deputados federais e, agora, acena para a composição de bancada de 37 parlamentares. A Bahia do deputado Antonio CarlosMagalhães Neto (DEM) é apontada como o estado que mais fez parlamentares para o partido: seis eleitos. São Paulo vem em segundo, com quatro. A desidratação da bancada dos democratas na Câmara ocorre de forma gradativa.

Em 1998, o partido fez 105 deputados federais. O número caiu para 84, em 2002, e 65, em 2006.

Apesar do fracasso no Parlamento este ano, o partido conseguiu eleger dois governadores: Rosalba Ciarlini, no Rio Grande do Norte, e Raimundo Colombo, em Santa Catarina.

De 2006 para cá, o único chefe de Executivo estadual da sigla foi José Roberto Arruda, que renunciou ao mandato este ano após um escândalo de corrupção.

Em1998, o DEM elegeu sete governadores; em 2002, o partido conseguiu a vitória em quatro estados.