Título: Analistas mantêm projeção de ritmo menor de abril a junho
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 06/07/2006, Brasil, p. A2

A indústria brasileira voltou a crescer em maio, depois de declinar 0,3% em março e manter estabilidade em abril. O dado oficial do IBGE, referente à Pesquisa Industrial Mensal (PIM), deve ser divulgado hoje. Indicadores antecedentes, com destaque para a produção de veículos que cresceu 7% ante abril, e de consumo de energia, com expansão de 1,2%, apontam para alta de 0,7% na produção industrial de maio na comparação com abril, livre de efeitos sazonais, conforme projeta a área de análise macroeconômica do banco Itaú.

Apesar da alta forte, os analistas mantém a projeção de que o ritmo de crescimento do segundo trimestre do ano ficou levemente abaixo do resultado dos primeiros três meses do ano. "Essa alta é importante para evitar desaceleração maior no crescimento do PIB do segundo trimestre", avalia Aurélio Bicalho, analista do Itaú, que estima uma taxa de crescimento de 0,8% para a economia no segundo trimestre, esfriando um pouco em relação ao 1,4% do primeiro.

A expectativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) é também de crescimento da indústria de 0,6% sobre abril, e de 3,3 % sobre maio de 2005. O instituto projeta crescimento de 3% para a indústria em geral no segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado, e de 5,3% para o ano.

Estevão Kopschitz, responsável pelas projeções de nível de atividade, acredita que provavelmente a indústria em geral não deverá crescer 3% neste segundo trimestre, porque, se em abril (queda de 1,9%) e maio (3,3% projetados ) a expansão foi de 0,8% na média desses dois meses, para fechar três meses em 3% a indústria teria que crescer 7,3% em junho sobre junho do ano passado. "Não temos observado taxas dessa magnitude. As taxas mais elevadas ocorreram em março (5,3%) e fevereiro (4,4%) em relação ao ano passado. Mas, como lidamos ainda com projeções, vamos aguardar o dado do IBGE".

O Ipea continua mantendo um cenário de desaceleração gradual da economia no desempenho trimestral. Para o segundo trimestre, a previsão é de um produto real crescendo 1,2% ante o primeiro, 1,1% no terceiro e 0,9% no quarto. Para Kopschitz, o que destoa do ritmo de crescimento do produto trimestral para o ano, no caso , é o primeiro trimestre, que cresceu mais impulsionado pela expansão do último trimestre de 2005, principalmente pela alta produção da indústria em dezembro.

O Unibanco trabalha com expansão de 1% na atividade das fábricas, já com ajuste sazonal, contra uma média mensal negativa de 0,2% nos últimos quatro meses. Em relação ao mesmo mês do ano passado, a alta prevista é de 4,2%. Giovanna Rocca destaca que os fundamentos estão positivos principalmente pela demanda doméstica, que estaria aquecendo a indústria. Para a economista do Unibanco, o PIB deve expandir 1,2% no segundo trimestre, ante 1,4% do primeiro.

Giovanna discorda do diagnóstico de que a economia está em desaceleração. "Acho que, especificamente, a variação trimestral não é capaz de me dar a trajetória da economia. As duas taxas do primeiro e do segundo (projeção de 1,2%) são condizentes com o PIB potencial do país de 3,5%".