Título: Crédito cresce e deve alcançar 36% do PIB no fim do ano, estima Fazenda
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 07/07/2006, Brasil, p. C2
O volume do crédito, que atualmente é de 32,6% do PIB, pode chegar a 36% no final deste ano se for mantido o ritmo de crescimento mensal de 0,5 ponto percentual. A afirmação é do ministro da Fazenda, Guido Mantega, e foi dada durante entrevista coletiva realizada ontem no Palácio do Planalto para divulgar um balanço da atuação dos bancos federais. Os números do crédito oficial no país estavam sendo reunidos desde a semana passada pelos presidentes das instituições financeiras públicas.
Nesta semana, foi a segunda entrevista coletiva convocada por Mantega para divulgar informações que julga positivas. Na segunda-feira, sinalizou com a elevação de R$ 3,5 bilhões no limite de contratação de investimentos públicos com recursos do orçamento fiscal da União em 2006. A intenção é chegar a R$ 19 bilhões com o descontingenciamento das dotações orçamentárias.
A entrevista de Mantega foi dada depois de uma reunião que durou três horas e contou com as presenças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dos ministros Mantega, Paulo Bernardo (Planejamento) e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) e dos presidentes do Banco Central, do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal, BNDES, Banco do Nordeste e do Banco da Amazônia.
O ministro revelou que a determinação do presidente Lula é a de continuar com o movimento de ampliação do crédito com juros mais baixos, mas "de maneira responsável". Mantega também admitiu que não há uma medida prática para reduzir os juros nos bancos privados. "Não podemos impor taxas de juros. Vamos dialogar para saber como desburocratizar e simplificar as rotinas. Podemos aumentar a concorrência no mercado com a atuação dos bancos públicos. Isso já ocorreu no crédito consignado dos aposentados, onde as taxas oficiais já baixaram do teto de 2,9% para 2,4% ao ano", disse.
Mantega também afirmou que o governo não tem metas de aumento do crédito, mas os bancos oficiais vão estimular as instituições financeiras privadas a também reduzirem juros e spreads.
O governo informou que a ampliação do crédito foi mais intensa nos bancos privados. Entre 2003 e 2006, houve aumento de 8,7 pontos percentuais na participação do crédito no PIB. Nos bancos privados, saltou de 14,8% para 20,7%. Nos oficiais, cresceu de 9,1% para 11,9%. Mantega reconheceu que isso é saudável porque mostra os bancos privados procurando mais o crédito e reduzindo o espaço da negociação de títulos públicos.
O investimento, segundo o ministro da Fazenda, está indo bem. Na semana passada, os integrantes do Conselho Monetário Nacional (CMN) baixaram a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) de 8,15% para 7,5% ao ano. Nos últimos três anos, o aumento do crédito foi de mais de 30%, o que significa ritmo maior que o do crescimento do PIB, analisou.
O crescimento sustentável do país exige, na análise de Mantega, uma ampliação do crédito. Mas, para o ministro, os juros ainda estão altos e o Brasil ainda está aquém de alguns países emergentes. "Temos um dos menores níveis de endividamento de empresas, mas o cenário é muito positivo porque a economia está sólida, sem surpresas e sem crises no horizonte. A inflação está baixa e os bancos têm mais segurança para dar crédito", afirmou Mantega.
Também participaram da entrevista de ontem os presidentes do BNDES, Demian Fiocca, da Caixa Econômica Federal, Maria Fernanda Coelho e do Banco do Nordeste, Roberto Smith. Fiocca ressaltou que o BNDES é o maior provedor de crédito de longo prazo no Brasil, informando que a duração média dos financiamentos no mercado, em 2005, é de sete meses mas, no BNDES, é de 82 meses.
Entre 2001 e 2005, os desembolsos do BNDES cresceram 7,1% em termos reais. Mas as linhas destinadas à infra-estrutura aumentaram 12,6% nesse período.