Título: Dilma leva preocupação com câmbio a Merkel
Autor: Moreira,Assis
Fonte: Valor Econômico, 05/03/2012, Brasil, p. A3

Uma nova baixa da taxa de juros está definida como um dos caminhos para atacar a valorização do real. Foi o que afirmou ontem o assessor internacional do Palácio do Planalto, Marco Aurélio Garcia, ao desembarcar em Hannover, onde a presidente Dilma Rousseff vai abordar o "tsunami monetário" dos países ricos em encontro com a chanceler alemã Angela Merkel.

"É claro que o câmbio está [exagerado]", disse ele. "Vai ter mais uma reunião do Copom (dias 6 e 7), na qual vamos ter uma queda moderada dos juros, mas uma queda. Esse caminho já está definitivamente definido que é a baixa da taxa de juros, e é exitoso porque não tem efeitos inflacionários. E tem [havido] outras medidas prudenciais que terão seus efeitos. Não são todos que queremos, mas eu diria que pelo menos [alguns]", completou Garcia.

"Nós precisamos eliminar os fatores de anomalia existentes hoje, resultantes de desequilíbrios externos", afirmou o assessor internacional da presidência, informando que a presidente Dilma Rousseff vai reiterar publicamente e mais enfaticamente em privado nas conversas com a chanceler alemã o que tem falado sobre a gigantesca liquidez que causa problemas também para os emergentes.

A presidente Rousseff participará da abertura da CEBIT, maior feira de tecnologia do mundo, a convite de Merkel. O Brasil será país-tema da edição de 2012 da CeBIT, da qual participarão mais de 4,2 mil expositores de 70 países.

"O Brasil se destaca por sua flexibilidade e pelo potencial do seu mercado", diz o presidente da Associação Europeia de Companhias de Telecomunicações (ETNO), Luigi Gambardella, também presidente da Associação EUBrasil. O Observatório Europeu de Tecnologia (EITO) estima em 6% a taxa de crescimento no setor brasileiro em 2012, com valor de mercado total de € 92 bilhões. "Hoje o Brasil é um dos mais importantes mercados das TIC [tecnologia da informação] a nível mundial e um daqueles com maior potencial de crescimento". A TIM, por exemplo, investirá R$ 9 bilhões de reais entre 2012-2014, juntando-se a outros R$ 11 bilhões já investidos.

Para o embaixador Everton Vieira Vargas, a visita presidencial ajudará a intensificar o relacionamento econômico bilateral por dois pilares: inovação e estímulo a novas formas de parceria entre pequenas e médias empresas. Para isso, as empresas terão o apoio do KfW, o banco alemão de fomento, e do BNDES, que tem um programa específico de internacionalização de empresas brasileiras.

A Alemanha é o quarto principal parceiro comercial do Brasil. O volume de comércio entre os dois países superou US$ 24 bilhões em 2011, ou 17,6% a mais do que em 2010.

Um ambicioso estudo para melhorar as vias de acesso ao Porto de Santos, vindo de São Paulo, será apresentado pela companhia alemã Duisport para a presidente Dilma Rousseff e a chanceler Angela Merkel, amanhã. O documento poderá servir para a licitação de ampliação do porto, um negócio do qual os alemães querem participar.

Segundo a empresa, que administra o maior porto fluvial do mundo, em Duisburg, o projeto inclui soluções de todos os modos de transporte para um fluxo otimizado e manejo eficiente de contêineres, de carga e mercadorias. Os alemães tem interesse também em participar do negócio de modernização do Porto de Suape, em Pernambuco.

A Siemens tem interesse no projeto do trem-bala entre Campinas e Rio de Janeiro e espera o novo edital para ver se atende sugestões brasileiras para participar de um dos consórcios. Os alemães veem perspectiva de negócios também na venda de trens convencionais para o Brasil.