Título: Ghosn faz gestão suave na França
Autor: Olmos, Marli
Fonte: Valor Econômico, 07/07/2006, Empresas, p. B8

Poucos dias depois de completar um ano no inusitado cargo que acumula a presidência de duas empresas ao mesmo tempo (Renault e Nissan), o engenheiro brasileiro Carlos Ghosn ensaia um dos seus mais ousados e arriscados desafios. Ele pode conquistar o mercado dos Estados Unidos, o maior do mundo, aproveitando a fraqueza financeira da GM, ainda dona desse território automotivo.

Mas um ano também parece ter sido tempo insuficiente para o reverenciado executivo apresentar mudanças significativas na Renault. O processo foi mais rápido quando Ghosn assumiu o comando da Nissan em 1999.

À beira da falência e dívidas que somavam US$ 20 bilhões, a Nissan passou por drástico enxugamento com a demissão de 21 mil pessoas e fechamento de cinco fábricas no Japão.

Ghosn já disse que não é enxugamento, mas sim crescimento, que a Renault precisa. O executivo surpreendeu até as lideranças sindicais da França, que esperavam fechamento de pelo menos duas fábricas naquele país.

Ao anunciar em fevereiro o plano de reestruturação que chamou de comprometimento para 2009, Ghosn explicou que quer elevar a produção mundial dos carros da marca francesa em 36% e dobrar a margem operacional, que ficou em 3,2% em 2005 e que deve cair para 2,5% neste ano. A estratégia que ele escolheu inclui maior oferta de carros da marca. Se o raciocínio der certo, o aumento de vendas eliminará a ociosidade de diversas fábricas, incluindo a do Brasil. (MO)