Título: Lula reforça o PMDB governista com nomeações para os Correios
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 31/01/2007, Política, p. A6

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva nomeou quatro técnicos indicados pela ala governista do PMDB para a diretoria da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT). A nomeação atende a compromissos firmados com os governistas para fortalecer o apoio do partido à reeleição. Outras nomeações são aguardadas até a semana que vem. O senador José Sarney (PMDB-AP) afirmou que Lula receberá na próxima segunda-feira, no Palácio da Alvorada, representantes de diretórios estaduais do partido que apóiam a reeleição. "Não sei quantos virão, mas a maioria do PMDB nos estados está com Lula", disse.

O Diário Oficial da União de ontem publicou a nomeação de Carlos Henrique Custódio, atual diretor da Caixa Econômica Federal, para a presidência dos Correios. O nome foi indicado pelo líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR). Também foram nomeados três novos diretores da empresa. Um deles, Samir Hatten, também foi indicado pelo líder. Hatten foi presidente do Instituto Nacional de Seguro Social na gestão de Jucá à frente do Ministério da Previdência Social.

Os outros dois nomeados cujos nomes foram indicados pela bancada do PMDB no Senado são Carlos Roberto Samartine Dias e Menasses Leon Nahmias. Há outras pessoas indicadas pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), para cargos nos Correios. "As nomeações apenas referendam que o PMDB está participando do governo. A gente sugere nomes para que a máquina pública possa funcionar", disse Jucá.

O PMDB também quer voltar a comandar o Ministério da Saúde, uma vez que o deputado Saraiva Felipe deixou o governo para disputar a eleição. Essa indicação é da bancada da Câmara. O presidente da Fundação Nacional da Saúde, Paulo Lustosa, foi indicado, mas sofreu veto. Lula pediu um técnico da área da Saúde, mas não houve definição. O PMDB quer indicar ainda uma diretoria da Anatel.

O senador Heráclito Fortes (PFL-PI), um dos coordenadores da campanha do tucano Geraldo Alckmin à presidência, criticou o que chamou "barganha política vergonhosa". "A empresa dos Correios, vinda da crise que veio, não poderia ser administrada desse jeito. Nunca vi isso: a seis meses do fim do mandato, um governo tirar quatro diretores de uma vez para atender a um partido", disse ele.

Na avaliação de pemedebistas, Lula deve ter apoio do partido em cerca de 14 estados e não de 21, como a ala governista contabiliza. Nem todos os diretórios coligados ao PT na eleição estadual estão dispostos a comparecer ao encontro de segunda-feira. O presidente do PMDB da Bahia, deputado Geddel Vieira Lima, aliado ao candidato do PT ao governo, o ex-ministro Jaques Wagner, afirmou que só irá ao encontro se receber um convite do próprio Lula ou do presidente do seu partido, deputado Michel Temer (SP), da ala oposicionista.

"Se o presidente quer minha presença, que me convide. Ele sabe que o PMDB é um partido multifacetado. Deixei claro ao presidente que a interlocução com o diretório da Bahia tem que ser direta, sem intermediários, ou institucional, por meio do presidente do meu partido", afirmou Geddel. Segundo ele, o PMDB baiano ainda não se decidiu por Lula.