Título: Cresce a demanda por financiamento na CEF
Autor: Izaguirre, Mônica
Fonte: Valor Econômico, 11/07/2006, Empresas, p. B7

A demanda por crédito para compra de material de construção na Caixa Econômica Federal (CEF) promete ser muito maior em 2006 do que foi em 2005. Números parciais fornecidos pelo banco ao Valor indicam que, só no primeiro semestre, o volume concedido nas três modalidades do Construcard já atingiu o equivalente a 90% do registrado em todo o ano passado. Foram, no mínimo, R$ 2,03 bilhões, ante R$ 2,25 bilhões no último ano-calendário.

O dado é parcial porque considera operações firmadas somente até 31 de maio, no caso de uma das três modalidades, e até 28 de junho, no caso das demais. Embora sejam todas conhecidas pelo nome Construcard, por serem usadas a partir de um cartão de débito, são três linhas com características diferentes, para diferentes públicos.

A mais tradicional é a do Construcard Caixa, financiada com recursos próprios da CEF. Tem sido também a mais procurada. Só de janeiro a maio, o banco concedeu, nessa modalidade, R$ 1,477 bilhão em novos financiamentos, mais do que em todo o ano de 2005, quando o fluxo foi de R$ 1,431 bilhão.

Também é expressiva a procura pelo Construcard FGTS, financiado com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, e pelo Construcard FAT, cuja fonte é o Fundo de Amparo ao Trabalhador. Até 28 de junho, a CEF emprestou, respectivamente, R$ 515,34 milhões e R$ 38,615 milhões nessas modalidades, valores que correspondem a 66,6% e a 79,2% do realizado em 2005 inteiro.

O número de estabelecimentos comerciais onde esses três cartões de débito podem ser utilizados chega, atualmente, a 42.395, distribuídos em todo o país. Só em 2005, foram firmados mais de 7 mil novos convênios da Caixa com lojas de materiais de construção.

Mais caro dos três, o Construcard Caixa destina-se, preferencialmente, ao público com renda superior ao do cliente atendido pelos outros dois, cujos juros são menores. Mas a linha também pode ser tomada por pessoas com renda igual ou menor, dependendo da análise de risco de crédito, do valor solicitado, do tempo de relacionamento e, se for o caso, da garantia apresentada.

O interessado pode pedir de R$ 1 mil a R$ 180 mil. A CEF pode ou não exigir algum tipo de garantia (aval, alienação de veículo, hipoteca, alienação fiduciária de bem imóvel, caução de depósitos/aplicação financeira, por exemplo), dependendo do tempo e do histórico de relacionamento do cliente com a instituição financeira.

O juro do Construcard Caixa é atualmente de 1,69% ao mês, além da Taxa Referencial (TR). O banco cobra ainda uma taxa de abertura de crédito de 1,5%, na contratação, e uma taxa operacional mensal de R$ 25,00 durante o prazo do contrato. O prazo máximo do financiamento é de 36 meses, inferior ao das outras duas modalidades de Construcard. Em contrapartida, há uma vantagem que as outras duas não oferecem: carência para início da amortização. Durante o período de uso do cartão (fase de compra do material), que vai de dois a seis meses, o tomador paga apenas juros, sobre o que já utilizou. O principal só começa a ser pago depois que todo o limite do crédito foi consumido ou ao final de seis meses, o que ocorrer primeiro.

O limite de crédito concedido não precisa ser todo usado, pois a liberação da verba, no caso do Construcard Caixa, é feita na conta corrente da loja onde o material foi comprado.

O mesmo não ocorre em relação ao Construcard FGTS e ao Construcard FAT. Nessas duas linhas, uma vez aprovado o crédito, o dinheiro é depositado de uma vez só numa conta do titular do cartão, onde fica bloqueado e rendendo o mesmo que a caderneta de poupança, enquanto não usado. Na medida em que o material de construção vai sendo adquirido e o cartão de débito utilizado, os recursos vão sendo transferidos para as contas dos estabelecimentos comerciais.

O prazo máximo do financiamento em ambos os casos é de oito anos. As compras devem ser realizadas durante os seis primeiros meses. Mas não há carência para início de amortização. Tanto juros quanto principal começam a ser pagos logo no mês seguinte à assinatura do contrato.

Outra diferença é a vinculação da operação de crédito ao imóvel onde vai ser usado o material, que não existe no caso do Construcard Caixa, mas é exigida nas outras duas modalidades. O valor de avaliação do imóvel é limitado a R$ 80 mil, no caso do Construcard FAT, e a R$ 64 mil ou R$ 70 mil, para o Construcard FGTS, dependendo da cidade onde se localiza.

A linha do FGTS destina-se a pessoas com, no máximo, R$ 1750,00 de renda familiar. Por isso, o juro é o mais baixo: 0,5% ao mês, sobre a TR, o que tem dado menos de 1% ao mês. O valor financiado pode variar de R$ 1 mil a R$ 7 mil.

No Construcard FAT, o limite de renda para uso da linha, R$ 4500,00 por mês, é individual. O cliente pode solicitar no mínimo R$ 3 mil e no máximo R$ 12 mil. O juro, por sua vez, está em 1,3837% ao mês e pode mudar, de acordo com a variação da TJLP. Também são cobradas taxas de pesquisa cadastral e de avaliação (1% sobre o financiamento, sendo o mínimo de R$ 100,00).