Título: Mercado faz sexto ajuste na previsão da inflação e reduz taxa para 3,81%
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 11/07/2006, Brasil, p. A2

O Banco Central conseguiu finalmente fazer com que as projeções de inflação dos analistas de mercado convergissem ao percentual previsto pelos modelos de previsão do sistema de metas. Segundo relatório de mercado divulgado ontem, os cerca de cem departamentos econômicos de bancos e empresas esperam para este ano um índice de 3,81%, sem diferença relevante em relação ao percentual de 3,8% projetado pela autoridade monetária em seu relatório trimestral de inflação de junho.

Na pesquisa anterior, com data-base de 30 de junho, o mercado projetava um IPCA de 3,98%. Foi a sexta queda seguida nas projeções de mercado, que desde o início de abril passou a trabalhar com a perspectiva de um índice abaixo da meta anual, de 4,5%. "A queda nas projeções está vinculada à divulgação, na última sexta-feira, de uma deflação de 0,21% no mês de junho, abaixo do que vinha sendo projetado pela mediana do mercado", disse Elson Teles, economista-chefe da Concórdia Corretora.

O mercado financeiro trabalha, porém, com a perspectiva de que haja uma reversão nessa tendência de queda da inflação em 2007, ano para o qual é projetado um IPCA de 4,5%. A combinação de maior otimismo no curto prazo com cenários conservadores em prazos mais longos fez com que piorasse, pela segunda semana seguida, a projeção de inflação para os próximos 12 meses, que subiu de 4,34% para 4,41%.

O período de 12 meses é tido como um indicador importante, porque as decisões de política monetária tomadas agora pelo Copom atingem sobretudo esse horizonte de tempo. Dois fatores, porém, garantem relativa tranqüilidade do ponto de vista da política monetária.

Um deles é o fato de que, embora em alta, a projeção de inflação permanece dentro da meta de inflação para 2006 e 2007, ambas fixadas em 4,5%. Outro aspecto importante é que, pelo que tudo indica, a projeção de inflação sobe meramente por efeitos estatísticos. Esta saindo do índice a inflação do primeiro de 2006, que é muito baixa, e entrando a de 2007, que tende a ser maior.

Os IGPs voltaram a subir, refletindo ainda as pressões ocorridas no câmbio até junho. A projeção do IGP-DI para 2006 passou de 3,45% para 3,61%; no caso do IGP-M, de 3,69% para 3,72%. Para 2007, entretanto, mantiveram-se estáveis, ambas em 4,5%.