Título: País depende menos de Doha, diz Furlan
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 11/07/2006, Brasil, p. A3

O Brasil está hoje menos dependente dos resultados da Rodada Doha do que já esteve. Este foi o recado dado, ontem, pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, em Berlim, durante o 24º Encontro Econômico Brasil-Alemanha. Segundo ele, o país possui hoje uma estrutura que permite seu crescimento independentemente da conclusão da rodada.

Apesar do recado, Furlan não entrou na discussão sobre se o país deve ou não aceitar um acordo em bases mínimas - como as atualmente colocadas na mesa por União Européia e Estados Unidos e que garantem abertura pequena do mercado europeu aos produtos agrícolas e estabelecem um pequeno corte no subsídio americano aos seus agricultores. "A expectativa é que o último esforço seja feito agora, durante este mês pelo ministro Celso Amorim. O Brasil responde por 1,2% do comércio mundial, o país esta fazendo um esforco, mas o grande esforco tem que vir dos Estados Unidos e Europa, grandes protagonistas do mercado mundial", disse.

O ministro participou, ontem, do evento "Perspectivas da Cooperação Econômica entre Brasil e Alemanha", em Berlim. Durante os debates, o vice-ministro da Economia e Tecnologia da Alemanha, Bernd Pfaffenbach, contestou, indiretamente, o ministro brasileiro. Para ele, o "não-acordo" será mais prejudicial aos países emergentes.

Ao falar sobre a pressão para que o Brasil e outros emergentes, como a Índia, aceitem um corte mais expressivo em tarifas industriais, o ministro reafirmou que o governo brasileiro não tomará nenhuma decisão que ponha em risco a industria brasileira durante as negociações com a Organização Mundial de Comércio (OMC).

De acordo com ele, qualquer medida de desoneração será feita ao longo do tempo, dando condições para que a indústria tenha ganhos de produtividade e algum tipo de compensação que permita manter sua competitividade. Furlan lembrou que hoje no Brasil a tarifa mais alta é de 35%, enquanto na Europa há tarifas específicas que ultrapassam 200%, principalmente na área agrícola.

No evento do qual Furlan participou, tanto o presidente da Confederação da Indústria Alemã (BDI), Jürgen Thumann, quanto o ministro da Economia e Tecnologia da Alemanha, Michael Glos, ressaltaram a importância de progressos na rodada e tambem das negociações entre Mercosul e União Européia.