Título: Varig recebe novo aporte da VarigLog
Autor: Grabois, Ana Paula e Vilela, Janaina
Fonte: Valor Econômico, 11/07/2006, Brasil, p. A5

A VarigLog voltou a depositar recursos para garantir as operações da Varig por mais 24 horas. O valor, mais uma vez, não foi informado. Até a última sexta-feira, a ex-subsidiária da Varig já havia depositado US$ 11 milhões na conta da aérea, dentro de um plano emergencial de US$ 20 milhões. Os depósitos vêm sendo feitos diariamente desde 26 de junho.

Até o fechamento desta edição representantes da administradora judicial da Varig, a consultoria Deloitte, estavam reunidos com executivos da aérea na Justiça do Rio para analisar os argumentos da VarigLog sobre um relatório em que a consultoria questionava a proposta da ex-subsidiária de transportes de carga e logística da Varig para adquirir a companhia.

O que estava na mesa de negociações era a emissão de debêntures à vista para as classes 1 (trabalhadores) e 2 (fundo de pensão Aerus) de credores no valor de R$ 92 milhões. A proposta inicial da ex-subsidiária previa a emissão desses papéis, conversíveis em ações da nova empresa, com o valor de face de R$ 50 milhões de reais, em dez anos, para cada estas duas classes de credores. A oferta da VarigLog não prevê aporte de recursos para a classe 3 de credores (estatais, empresas de leasing, entre outros).

A ex-subsidiária, segundo o promotor do Ministério Público do Estado do Rio, Gustavo Lunz, não modificou o preço mínimo de R$ 277 milhões oferecido pela Varig "velha", aquela que herdará o passivo de cerca de R$ 7 bilhões da companhia e continuará em recuperação judicial. "Os credores terão que acreditar que isso (a proposta) é melhor do que uma falência", disse Lunz.

A Justiça do Rio ainda não havia se pronunciado até o início da noite de ontem sobre as negociações entre a Varig, a VarigLog e o administrador judicial da aérea sobre a sua venda. Os representantes das três companhias estavam reunidos desde às 13 horas de ontem em uma audiência com uma comissão de juízes que tratam da recuperação judicial da Varig. O presidente da aérea, Marcelo Bottini, também participava do encontro.

O objetivo da reunião era chegar a um acordo, reforçou o representante da Deloitte, Luiz Alberto Fiore. A consultoria, que atua como o administrador judicial da Varig, desaprovou a oferta feita pela VarigLog na sexta-feira.

A principal crítica da Deloitte se refere ao preço mínimo proposto pela VarigLog. O preço mínimo sugerido é de R$ 277 milhões, valor que contempla a contratação de serviços e o pagamento de debêntures aos credores, além da recompra de ações da VarigLog no Aerus (fundo de pensão dos funcionários da Varig) por R$ 24 milhões.

Porém, a Deloitte considera válido para o preço mínimo apenas as debêntures, que ficariam com os credores das classes 1 e 2 (trabalhadores e Aerus) e os US$ 20 milhões referentes a um aporte emergencial para dar continuidade às operações da Varig até a realização de um novo leilão.

Na avaliação da Deloitte, ao desconsiderar os componentes que não são válidos para a formação do preço mínimo, a proposta da VarigLog se resumiria a apenas R$ 126,96 milhões. Já a venda de ativos da Varig no caso de decretação de falência renderia aos credores R$ 268,35 milhões, segundo cálculos que constam do processo de recuperação judicial.