Título: Taxas de juros sobem para pessoas físicas em junho
Autor: Rocha, Janes
Fonte: Valor Econômico, 12/07/2006, Finanças, p. C3

A turbulência que atingiu os mercados financeiros mundiais a partir de meados de maio e o crescimento dos índices de inadimplência podem ter sido os motivos que levaram as instituições financeiras a aumentar ainda mais as taxas de juros cobradas nos empréstimos para pessoas físicas no mês de junho, anulando o efeito da redução de 0,5 ponto percentual da taxa básica (Selic) anunciada pelo Banco Central.

Para as empresas houve uma ligeira queda no custo dos financiamentos. A avaliação é da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) que faz um acompanhamento mensal das taxas de juros cobradas nas mais importantes linhas de crédito ofertadas no varejo bancário, nas financeiras e no comércio.

Segundo o relatório da pesquisa divulgada ontem, os juros subiram em todas as operações para pessoas físicas analisadas - comércio, cartão de crédito, cheque especial, empréstimo pessoal (em bancos), Crédito Direto ao Consumidor (CDC, também em bancos) e empréstimo pessoal (nas financeiras). A taxa média para pessoas físicas, de 7,56% ao mês (139,78% ao ano), subiu 0,04 ponto percentual em junho, saindo da média de 7,52% (138,71% ao ano) em maio.

Para as empresas, entre as quatro linhas analisadas, duas tiveram queda (capital de giro e conta garantida) e duas ficaram estáveis (desconto de duplicatas e desconto de cheques). Na média, os juros para pessoas jurídicas caíram 0,04 ponto percentual no mês, passando de 4,38% ao mês (67,27% ao ano) em maio para 4,34% ao mês (66,50% ao ano) em junho.

Segundo o coordenador da pesquisa da Anefac, o economista Miguel José Ribeiro de Oliveira, havia uma expectativa de reduções dos juros na ponta em junho porque a queda da Selic promovida pelo BC em maio ainda não havia sido repassada para o crédito.

A explicação, diz Oliveira, está nas "incertezas no mercado internacional quanto ao comportamento dos juros americanos frente à subida da inflação e ao aumento da inadimplência para pessoa física". A inadimplência subiu 13,4% só este ano. Em 12 meses, calcula o economista, o aumento da inadimplência está acumulado em 26,7%.