Título: Temer reage e anuncia apoio a Alckmin
Autor: Ulhôa, Raquel e Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 12/07/2006, Política, p. A9

Numa reação articulada ao encontro do PMDB governista com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na noite de segunda, a ala independente do partido resolveu contra-atacar com uma manifestação pública de apoio ao candidato tucano Geraldo Alckmin. A reação mais forte partiu do presidente da sigla, deputado Michel Temer (SP), que anunciou apoio pessoal a Alckmin e negou que a maioria pemedebista esteja com Lula.

"A idéia de que o PMDB inteiro está apoiando a reeleição de Lula não é verdadeira. Boa parte dos nossos companheiros apóiam outro candidato ou estão deixando o palanque aberto", disse Temer. Com apoio do ex-governador Jarbas Vasconcelos, Temer deve promover reunião do tucano com lideranças históricas do partido. Será um gesto político para mostrar o "peso" dos filiados que estão com Alckmin e rebater a versão dos governistas de que a maioria dos diretórios apóia Lula. "O PMDB que foi ao encontro de Lula não é o meu. É o PMDB dos Correios", ironizou Vasconcelos, concorrente favorito ao Senado em Pernambuco, numa chapa que reúne PMDB, PSDB, PFL e PPS.

Além de Jarbas e Temer, o ex-governador Luiz Henrique (SC), que se licenciou para concorrer à reeleição, é um dos maiores aliados de Alckmin. O tucano lançou oficialmente sua campanha em ato promovido por Luiz Henrique.

Segundo dados de Temer, o PMDB está coligado com partidos da base governista em nove estados (AP, AM, RR, PA, BA, CE, SE, PB e MG), mas ressalva que isso não significa apoio automático a Lula. O partido está coligado ao PSDB em sete estados, apoiando Alckmin (SC, PR, MS, PE, DF, RO e AC). Em nove estados (SP, RS, RJ, TO, GO, MT, PI, ES, RN), os diretórios pemedebistas deixaram a questão nacional em aberto. Desses, cinco devem apoiar Alckmin, de acordo com expectativa da coordenação da campanha tucana (RS, MT, PI, ES e RN).

Nos outros dois estados restantes - MA e AL - os palanques são duplos, porque a coligação tem partidos da base governistas e da oposição. Mas, no caso do Maranhão, a cúpula nacional do PFL articula aproximação de Alckmin com a senadora Roseana Sarney (PFL), candidata favorita ao governo, que tem o PMDB em sua coligação. Foi agendada visita do tucano dia 25 e Roseana deve recebê-lo. Temer revelou ter mantido encontro com Alckmin em sua casa, no sábado, onde discutiram propostas do PMDB para o governo.

Em São Paulo, no dia seguinte à formalização do apoio dos diretórios a Lula, o presidente do diretório estadual, Orestes Quércia, reuniu toda a executiva para reiterar a postura de neutralidade do partido no Estado. O grupo paulista não enviou representante para o encontro com Lula. Candidato ao governo do Estado, Quércia disse que foi procurado pelos governistas do PMDB e negou o apoio a Lula. "Não queremos e não vamos apoiar nenhum candidato a presidente", disse. "A questão ficará em aberto".

A coligação "A força do povo" - que une PT, PMDB, PCdoB e PRB em Minas Gerais - lançou a chapa majoritária e proporcional que disputará no Estado, em meio ao constrangimento petista, que resiste a fazer campanha para o ex-governador Newton Cardoso ao Senado. Até algumas das principais lideranças estaduais, como o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel, declararam que não farão campanha para Newton, inimigo histórico do PMDB em Minas. "Em nome de que vamos pedir voto?", questionou o vereador Carlão, candidato a deputado federal. Para ele, o ganho de tempo no horário eleitoral é pouco para justificar a aliança.

A vereadora Neusinha Santos, candidata a uma vaga na Assem-bléia Legislativa, já avisou que deverá apoiar para o Senado um adversário, o vice-prefeito de Belo Horizonte, Ronaldo Vasconcelos, que disputa pelo PV.

O candidato petista ao governo do Estado, Nilmário Miranda, minimiza os conflitos e diz que a fase de divergências já está ficando para trás. A expectativa dele era reunir um grande número de petistas e pemedebistas no evento de ontem para marcar o início do entendimento. Miranda esperava a presença do vice-presidente José Alencar e de Pimentel.

Newton Cardoso garantiu a vaga para o Senado, derrotando o ex-presidente Itamar Franco. Itamar, que desfiliou-se do PMDB na semana passada, poderá anunciar apoio a Alckmin. O anúncio depende apenas de uma última conversa com o governador mineiro Aécio Neves, que está fora do país.