Título: Mantega prevê crescimento acima da inflação
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 12/07/2006, Política, p. A10

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que o país vai crescer, este ano, a uma taxa superior à inflação, o que é uma situação inédita. Após a reunião ministerial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Mantega afirmou que, em 2006, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deverá ficar entre 4% e 4,5%, para uma inflação, medida pelo IPCA, abaixo de 4%. Em 2007, o PIB será de 4,5% ou 5% e, em 2008, poderá chegar a 5,5%. A economia brasileira, avaliou Mantega, já entrou na rota do crescimento sustentado, porque vários fatores positivos estão combinados.

Ele e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, deram entrevista coletiva no Palácio do Planalto, após a reunião ministerial. O ministro da Fazenda destacou que a combinação de fatores positivos que impulsiona o crescimento sustentado do Brasil é formada, principalmente, por inflação baixa com expansão da economia, responsabilidade fiscal com ampliação de programas sociais, queda do endividamento do governo e da dívida externa e redução da taxa de juros em um cenário de turbulência financeira internacional.

De acordo com as informações do ministro da Fazenda, a soma da massa salarial e das transferências do governo cresceu mais de 20% durante o governo Lula. Disse, ainda, que o aumento do consumo aliado à elevação do crédito estão consolidando o mercado interno porque há mais inclusão social. "Estamos constituindo um verdadeiro mercado de massa no país", comemorou.

O governo também rebateu as críticas que vem recebendo pelo veto ao aumento de 16,67% para os aposentados e pensionistas. Mantega explicou que o recente aumento de 16,67% dado ao salário mínimo beneficiou os aposentados que ganham salário mínimo. "É um excelente reajuste, um dos maiores da história. Em relação aos aposentados que ganham acima de um salário mínimo, fizemos um acordo com as entidades. O reajuste ficou acima da recomposição da inflação e representou gasto adicional de R$ 1,2 bilhão no orçamento", justificou.

Para Mantega, o aumento de 16,67% para todos os aposentados traria impacto adicional de quase R$ 7 bilhões. "Estaríamos desequilibrando as contas públicas brasileiras. Não foi sequer prevista a fonte de recursos para dar esse aumento. É inconstitucional criar despesa e não dizer de onde sai o dinheiro para cumpri-la", criticou. Segundo ele, para acomodar os R$ 7 bilhões adicionais de despesas, o governo teria de fazer uma "carnificina de cortes" ou, então, descumprir a meta de superávit primário de 4,25% do PIB. "Isso nós não vamos fazer", garantiu.

As emendas que estendem os 16,67% dados ao salário mínimo a todos os aposentados são, na opinião de Mantega, medidas políticas para constranger o governo. Mas o ministro disse que não tem constrangimento. "Defendo o veto porque já está sendo dado para os aposentados muito mais do que eles receberam em toda a história. Se olharmos tudo o que está sendo dado para os aposentados ao longo desse tempo, nunca eles tiveram o padrão de vida subindo nessa magnitude, o que está expresso na elevação de renda". E completou que considerava a proposta de conceder os 16,67% a todos "quase uma provocação".