Título: Para Campos, aliança nacional com PT é mais importante que a local
Autor: Felício,César
Fonte: Valor Econômico, 09/03/2012, Política, p. A9

O governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, afirmou ontem que atrair o prefeito paulistano e presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, para a aliança presidencial com o PT em 2014 tornou-se um objetivo mais relevante do que garantir uma coligação entre o PSB e o PT na eleição municipal deste ano em São Paulo.

"Eleição municipal tem muito de paróquia e o que a gente quer manter é a aliança na disputa nacional. Serão muito poucas as cidades em que vamos estar unidos. O momento agora é de ser solidário com um projeto para o Brasil", disse Campos, pouco antes de uma palestra em uma universidade no centro de Buenos Aires. O governador pernambucano afirmou ter "certeza absoluta" do apoio de Kassab ao candidato situacionista em 2014.

Na eleição paulistana, os dirigentes do PSB no Estado e no município, o deputado federal Márcio França e o vereador Eliseu Gabriel, terão autonomia para articular a aliança ao menos pelos próximos dois meses. Gabriel é líder de Kassab na Câmara de Vereadores e França, que foi prefeito de São Vicente, é historicamente próximo da corrente do PSDB que era identificada com o falecido governador Mário Covas (1930-2001).

A tendência de ambos é fechar uma aliança envolvendo Gilberto Kassab para apoiar o tucano José Serra. "Serra é um fato novo e não é hora da direção nacional entrar", disse o governador pernambucano.

Os dirigentes locais do PSB armazenam uma lista de ressentimentos contra o PT paulista. O mais recente teria sido o veto petista à indicação de Franca para a Secretaria dos Portos, no momento de montagem da equipe ministerial da presidente Dilma Rousseff. Franca tinha o apoio de Campos para ocupar a pasta.

O governador pernambucano estava se empenhando pessoalmente em fechar uma aliança entre o PT e o PSD em torno da candidatura do ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, depois de receber aval para tanto da cúpula nacional petista.

Atribui ao pré-candidato petista uma parcela de responsabilidade pelo insucesso da tentativa. De acordo com o governador, há momentos em que é mais importante a consolidação de alianças do que o trabalho de negociar divergências dentro dos partidos.

Mesmo distante do PT em São Paulo, Eduardo Campos afirmou que o PSB deverá escolher "qualquer candidato que una o PT" em Recife e em Fortaleza, as maiores capitais governadas atualmente pelos petistas. O PT está dividido em Recife, entre lideranças como a do atual prefeito João da Costa, o ex-prefeito João Paulo, o senador Humberto Costa e o deputado federal Mauricio Rands.

Em Fortaleza, a prefeita Luizianne Lins ainda não tem nome definido para a sua sucessão e as relações com o governador Cid Gomes (PSB) em torno de um nome conjunto também prosperam com percalços.

O governador está otimista com o apoio do PT ao prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, a quem classificou como "craque". Filiado ao PSB, Lacerda tende a repetir este ano a aliança formal com o PT e informal com o PSDB do senador Aécio Neves, que marcou a eleição de 2008.