Título: Volume de operações cai com atraso em Orçamento
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Fonte: Valor Econômico, 17/07/2006, Brasil, p. A3

A demora na aprovação do Orçamento deste ano teve impacto moderado sobre o total dos desembolsos para a linha de financiamento do Proex, mas reduziu em muito o número de operações contratadas e o de empresas beneficiadas, segundo as estatísticas oficiais. De janeiro a abril, meses que antecederam a aprovação do Orçamento, a queda no volume dos desembolsos chegou a 45%, mas a recuperação nas liberações de verbas a partir de maio fizeram com que o Proex chegasse ao fim do primeiro semestre com redução de apenas 25% no volume desembolsado.

Houve queda até mesmo dos recursos envolvidos nas operações de equalização, em que bancos financiadores de exportações recebem títulos do Tesouro Nacional para cobrir a diferença entre os juros cobrados no país e os juros internacionais. A emissão de títulos para o Proex-equalização, que no primeiro semestre de 2005 havia ficado em quase US$ 106 milhões, limitou-se a pouco menos de US$ 87 milhões até junho de 2006. Apesar dessa queda, cresceu o volume de exportações beneficiadas com o programa neste ano: o Proex-equalização garantiu vendas externas de US$ 1,1 bilhão de janeiro a junho de 2005, e de US$ 1,5 bilhão em igual período deste ano.

A concentração das operações do Proex-equalização ainda está com grandes empresas: das 21 firmas beneficiadas pelo programa, 18 são de grande porte e concentram 65% das operações, responsáveis por 86% das exportações sustentadas pelo programa. Afetado pela restrição orçamentária do início do ano, o Proex-financiamento viu diminuir o número de empresas beneficiadas, de 271 para 171 nos primeiros cinco meses do ano; mas não alterou significativamente a proporção de pequenas e médias empresas atendidas pelo programa, que passou de 80% para 85%.

"Muitas empresas contavam exportar com ajuda do Proex neste ano e não puderam", atesta José Augusto de Castro, da Associação dos Exportadores do Brasil. "O mundo funciona 12 meses no ano, não se pode começar o financiamento em maio", critica, lembrando a reivindicação dos exportadores para transformação do Proex em fundo rotativo com o retorno dos financiamentos. "A grande concentração em pequenas e médias empresas mostra que o programa vem cumprindo seus objetivos", defende o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho.

O Banco do Brasil comemora a progressiva recuperação do número de empresas atendidas pelo Proex, que chegou ao máximo de 525 no ano 2000, caiu progressivamente até 394, em 2003, e, desde então, vem aumentando, até chegar a 484 no ano passado. Empresas como a Odebrecht, uma das principais beneficiárias do Proex, em suas vendas de serviços de engenharia ao exterior, fazem questão de lembrar que as exportações sustentadas pelo programa sustentam uma cadeia de fornecedores formada principalmente por empresas pequenas e médias, que, no caso da construtora, chegam a 1,5 mil, responsáveis pela venda de alimentos, ferramentas, estudos ambientais e até roupas. "Sob a rubrica de serviços, o Proex apóia milhares de produtores de mercadorias, porque a competitividade das construtoras está também no fornecimento do pacote completo", comenta o gerente-executivo da Diretoria de Comércio Exterior do Banco do Brasil, Antônio Carlos Bizzo Lima. (SL)