Título: Empresas investiram em marcas e no exterior
Autor: Rocha, Alda do Amaral
Fonte: Valor Econômico, 17/07/2006, Brasil, p. A4

A Perdigão experimentou, nos últimos anos, um crescimento vertiginoso e conseguiu reduzir a diferença de tamanho que mantém em relação à Sadia.

Em 1998, a receita líquida da Sadia - de R$ 2,3 bilhões - representava o dobro das vendas de sua principal concorrente. No ano passado, essa diferença havia caído para 42,2%. Controlada pelas famílias Fontana e Furlan, a Sadia contabilizou receita de R$ 7,3 bilhões em 2005, enquanto a Perdigão faturou R$ 5,1 bilhões líquidos. A contribuição das exportações foi quase igual à das vendas ao mercado doméstico.

Acompanhando os passos da rival, a Perdigão empreendeu um grande esforço de internacionalização e diversificação de seu leque de produtos. A empresa também soube valorizar sua marca no mercado interno. "Alguns anos atrás, o nome Sadia era muito mais forte, para o consumidor, que o da Perdigão. Hoje, isso já não existe mais", afirmou, sob a condição de não ser identificado, um analista que acompanha ações do setor de alimentos.

"A compra da Perdigão a esse preço parece ser uma oportunidade bastante boa para a Sadia. Existem muitas sinergias entre as duas empresas", acrescentou esse especialista no setor.

Na avaliação dele, a virada da Perdigão começou quando Nildemar Secches assumiu a presidência da companhia, em 1995, escolhido pelos fundos de pensão. O executivo comandou ações ousadas, como a implantação de um complexo agroindustrial em Rio Verde (GO). "Foi um choque de gestão muito grande, que permitiu à empresa se profissionalizar", observou.

Na tacada mais recente e inusitada da trajetória operacional da empresa, a Perdigão decidiu ingressar no mercado de lácteos. Em maio, a companhia adquiriu da Parmalat o controle da Batávia, que produz leite e iogurtes em Carambeí (PR), numa fábrica vizinha ao frigorífico Batavo, que já lhe pertencia.

Na época, Secches afirmou que a aquisição tinha como objetivo diversificar a oferta de produtos à base de proteína animal. A Perdigão pagou R$ 101 milhões por 51% do capital da Batávia.

No entanto, os planos da companhia eram ainda mais ambiciosos. Além da compra de mais uma unidade de leite e refrigerados em Garanhuns (PE), a Perdigão negociava a aquisição da unidade de biscoitos da Parmalat, área em que não atua. Ainda não é certo que esse plano será mantidos se a venda da empresa para a Sadia for concretizada.