Título: Suplentes ocupam 18% do Senado
Autor: Peres, Bruno
Fonte: Valor Econômico, 19/03/2012, Política, p. A6

Com a recente posse de Eduardo Lopes (PRB) em uma das cadeiras do Senado Federal reservadas ao Estado do Rio de Janeiro, a Casa Legislativa passou a ter 15 senadores exercendo mandato sem terem recebido um voto sequer. A "bancada dos suplentes" foi formada com substitutos por renúncia, afastamento ou licenciamento da atividade e até por morte do titular. Na legislatura que se encerrou em janeiro de 2011, o número de suplentes era maior. Foram 22 os suplentes que tomaram posse, ou 27% do total. Muitos titulares assumiram cargos no Executivo estadual a partir das eleições de 2010.

Hoje, essa bancada representa 18% dos senadores em exercício. E esse número ainda pode aumentar ao longo da legislatura, com as eleições de outubro e a reorganização do ministério do governo Dilma Rousseff. O senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES), por exemplo, pode entrar na disputa em Vitória. A bancada do Espírito Santo já tem a senadora Ana Rita (PT) como suplente empossada, depois que o ex-senador Renato Casagrande (PSB) foi eleito ao governo do Estado.

O atual líder do PR, senador Blairo Maggi (MT), que já esteve cotado para assumir um ministério e hoje está no grupo do partido que rompeu com o governo, defende que as regras para a substituição de titulares no Senado sejam revistas no âmbito da reforma política. "Eu sempre achei que a suplência deveria ser preenchida pelo candidato mais votado na sequência", diz Maggi.

A vice-presidente do Senado, Marta Suplicy (PT-SP), que teve o nome cotado tanto para disputar a Prefeitura de São Paulo em outubro quanto para ocupar um posto na Esplanada, endossa essa posição. Marta defende ainda que seja proibida a indicação de parentes na composição de chapas, como propõe a comissão especial criada no Senado para debater a reforma política. "Toda discussão é bem vinda, porque dela poderá nascer uma proposta mais justa, que passe pelo respeito à vontade do eleitor e pela prevalência do resultado das urnas, de modo a evitar senadores sem voto", diz.

Ao tomar posse no lugar do atual ministro da Pesca e Aquicultura, Marcelo Crivella, o senador Eduardo Lopes exaltou a condição de integrante de um "projeto político vitorioso" e enfatizou que não é "um parente" ou "um empresário rico". "É um sentimento de vitória dentro do nosso plano político. Pela capacidade, pelo valor, pela competência do senador Crivella, nós sempre acreditamos que ele seria um ministro da República", disse Eduardo Lopes.

A posse de suplentes também pode alterar o arranjo político das bancadas. O senador Antonio Russo (PR-MS), por exemplo, tomou posse no lugar da ex-senadora oposicionista Marisa Serrano (PSDB-MS), que renunciou ao mandato pelo Tribunal de Contas do Mato Grosso do Sul.

As suplências consolidam o domínio político de grupos nos Estados. O atual suplente do senador João Alberto Souza (PMDB-MA), que se afastou para assumir secretaria no governo do Maranhão, é Clóvis Fecury. Filho do segundo suplente, Mauro Fecury, o mesmo que era primeiro suplente da ex-senadora e atual governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB). Um dos exemplos mais emblemáticos é o do senador Lobão Filho (PMDB-MA) que assumiu a cadeira do pai, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão.

A bancada de Minas passou a ter somente Aécio Neves (PSDB) como senador eleito, depois que os senadores Itamar Franco (PPS) e Eliseu Resende (DEM) faleceram em 2011.