Título: Em unanimidade, fundos dizem "não"
Autor: Rocha, Alda do Amaral
Fonte: Valor Econômico, 19/07/2006, Agronegócios, p. B12

Os fundos de pensão, principais acionistas da Perdigão, recusaram ontem a oferta pública da Sadia para comprar a empresa, pagando R$ 27,88 por ação. A decisão foi tomada em reunião realizada segunda-feira e comunicada através de nota pela Previ. Todas as sete fundações - Previ, Sistel, Fapes, Real Grandeza, Previ-Banerj, Petros e Valia - foram signatárias do que chamaram de "acordo de voto".

De acordo com a nota divulgada no início da noite pela Previ, os fundos, que respondem por 49,5% do capital da Perdigão, explicaram que a decisão de não aderir à proposta de aquisição da Sadia foi baseada em dois motivos: primeiro, porque o valor ofertado de R$ 27,88 pela Sadia não atende às suas expectativas enquanto acionistas; segundo, por entenderem que a oferta não se enquadra no procedimento previsto no artigo 37 do Estatuto da Companhia.

Os dois argumentos foram aprovados por unanimidade. O que, para os fundos, fica entendido que tal posição dispensa a contratação de instituição financeira para elaboração de um laudo de avaliação da Perdigão.

Na opinião de advogados consultados pelo Valor, a recusa dos fundos à oferta hostil da Sadia torna estatisticamente improvável a operação, pois a companhia teria que ter a adesão total de todos os outros minoritários para comprar metade mais 1 do capital da Perdigão. Para esses especialistas em direito societário, a oferta foi muito boa para os acionistas da Perdigão, porque ficou claro que a empresa tem valor muito acima de seu valor de mercado, o que certamente vai se refletir nas ações da companhia de agora em diante.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) enviou anteontem um ofício à Sadia solicitando esclarecimentos sobre o comportamento das ações do frigorífico nos dias que antecederam o Fato Relevante. Não existe, pelo menos até o momento, nenhuma intenção da CVM de enviar ofício à Perdigão, apurou o Valor.